Projeto da Emater-MG de reciclagem têxtil beneficia comunidade rural
O município de São João Nepomuceno, na região de Juiz de Fora, na Zona da Mata, é um polo de confecções. A produção de peças de vestuário gera grande quantidade de retalhos, que vão parar no lixo, se tornando um sério problema ambiental na região.
Buscando uma solução, a equipe do escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG) procurou a prefeitura municipal com a ideia de montar um projeto que, ao mesmo tempo, minimizasse os impactos ambientais e beneficiasse um grupo de mulheres e jovens da comunidade rural de Braúnas, que estavam ociosos e em busca de uma fonte de renda.
Daí surgiu o Projeto Recriar que aproveita os retalhos doados pelas fábricas para confecção de peças de artesanato. “Trabalhamos inicialmente com as secretarias municipais de Desenvolvimento Social, Desenvolvimento Econômico, Agricultura e Meio Ambiente. Apresentamos a proposta aos empresários e à comunidade. Todos gostaram e assim surgiu uma nova perspectiva de trabalho para as famílias”, conta a extensionista da Emater-MG, Cristiane Castro.
Desenvolvimento
A ação começou com a realização de oficinas de desenvolvimento de produtos artesanais e design das peças, além de orientação e apoio na busca de mercado e elaboração de projetos para captação de recursos. Após as oficinas, uma grande encomenda coletiva de um sindicato fortaleceu o ritmo de trabalho dos participantes. O grupo Braunartes é composto por oito famílias que se revezam na costura, bordados e comercialização das peças, com participação efetiva de jovens e mulheres rurais.
Maria Aparecida Dutra Filgueiras é uma das artesãs do grupo e acredita que o projeto tem ajudado muito a comunidade. “Esse trabalho melhorou a nossa vida. Agora temos um dinheiro extra, mas acredito que podemos alavancar mais as vendas no futuro, pois a divulgação do grupo está maior”, comenta a costureira.
Os integrantes do Braunartes usam máquinas de costura, overloque e outros equipamentos do Centro de Referência de Assistência Social (Cras), que também disponibilizou instrutores para o grupo. Já a oficina de trabalho é um local cedido pela comunidade, uma sede escolar desativada.
Pandemia
Em 2020, a pandemia de covid-19, inicialmente, atrapalhou as vendas. Mas a técnica da Emater-MG revela que o grupo acabou percebendo na crise uma nova oportunidade de negócios. “Tivemos a ideia de usar os tecidos para fazer máscaras que foram direcionadas ao hospital e entidades locais. A partir disso, abriu uma nova porta e elas começaram a personalizar as máscaras, o que levou a uma boa procura”, lembra a extensionista.
As medidas de isolamento também inspiraram o grupo a se aventurar no mercado digital, com a criação de páginas em redes sociais para a comercialização das peças. “As vendas que, a gente acreditava que iriam diminuir com a pandemia, surpreendentemente acabaram aumentando”, diz Cristiane.
Desde o início do projeto, já foram aproveitados cerca de 200 quilos de sobra de panos. Atualmente, a Emater-MG e a prefeitura estão montando uma plataforma para replicar o Projeto Recriar em outras comunidades e distritos do município.