Parque do Limoeiro completa dez anos como modelo em conservação do meio ambiente

  • ícone de compartilhamento

Uma década depois da publicação do decreto que instituiu oficialmente a criação do Parque Estadual Mata do Limoeiro, a unidade de conservação (UC) gerenciada pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF) contabiliza avanços para a proteção do meio ambiente, com envolvimento da população em projetos que fortalecem sua conservação. Hoje a unidade, que já é uma referência em educação ambiental, faz planos para se tornar um polo estadual no tema, com investimentos previstos ainda para 2021.

Criado em 2011, o parque preserva fragmentos dos biomas Mata Atlântica e Cerrado, o que garante grande diversidade biológica. A unidade ocupa a área da antiga Fazenda do Limoeiro, e, entre outros motivos, foi implantada para frear especulações surgidas ainda no fim da década de 1980 e início da de 1990 sobre uma possível exploração de carvão vegetal na área. Outra razão foi a necessidade da composição de um mosaico de unidades de conservação na região, contribuindo com a preservação da biodiversidade, em conjunto com unidades federais e municipais.

Atualmente, o parque conta com importantes atrativos turísticos, como cachoeiras, trilhas e mirantes, que influenciam diretamente no turismo de Ipoema e na qualidade de vida da população local e do entorno, incluindo a Região Metropolitana de Belo Horizonte. Afinal, a unidade está a apenas 90 quilômetros da capital mineira.

O diretor-geral do IEF, Antônio Malard, destaca a importância do parque para a conservação da cadeia que compõe a Serra do Espinhaço e para o fomento da educação ambiental em Minas Gerais. “O Parque Mata do Limoeiro é uma unidade de conservação que tem importância acentuada por contribuir diretamente na conservação da biodiversidade da porção mineira da Serra do Espinhaço. Além disso, a unidade tem um programa de educação ambiental que se destaca a nível nacional, apostando fortemente em projetos de impacto junto a crianças, universitários, pesquisadores profissionais, professores e comunidades”, observa.

Educação ambiental

O trabalho de educação ambiental mencionado pelo diretor-geral do IEF é a consolidação de uma série de projetos desenvolvidos pela equipe do parque, coordenada pelo gerente Alex Amaral, que está à frente das iniciativas que fazem parte do Limoeiro em Ação - conjunto de iniciativas para conscientizar as pessoas sobre a importância da preservação do meio ambiente e para fortalecer o vínculo da unidade com a comunidade. 

A ideia foi ganhou em 2016 o Prêmio Hugo Werneck de Sustentabilidade e Amor à Natureza, como melhor iniciativa em educação ambiental. “A comunidade local se envolveu demais com os trabalhos propostos. Hoje, dez anos depois da criação da unidade, vejo que o maior ganho é esse envolvimento local nos projetos. Eles permitem participação e os moradores se sentem parte do que acontece dentro do parque”, diz o gerente. 

Um dos projetos é o Ecofolia, que teve sua primeira edição em 2014, com objetivo de monitorar os atrativos naturais mais visitados da UC e a realização de pesquisa do perfil do turista que frequenta a região durante o Carnaval. O programa Limoeiro em Ação também conta com outras vertentes, como o contato com escolas e faculdades por meio de concursos de desenho, redação, formação de agentes verdes e de visitas ao parque. Em parceria com essas instituições, são realizados também o programa Limoeiro Mais Verde, com mutirões de plantio de mudas, e o projeto Postal Limoeiro, que possibilita que alunos das escolas troquem cartas temáticas sobre meio ambiente com parceiros da UC.

Outra linha de atuação da educação ambiental são as visitas guiadas, em que os estudantes podem visitar as salas temáticas que trazem exposições para refletir sobre consumismo, caça e pesca predatórias e uma sala de exposição de arte com objetos recicláveis. Destaque ainda para o Limoeiro Noturno, que consiste em caminhadas noturnas pelas trilhas que permitem a reflexão sobre o quanto o ambiente está vivo, é dinâmico, mutável e harmônico.

As ações passam ainda por seminários de educação e gestão ambiental, fomento à difusão do conhecimento com intercâmbios com outras unidades de conservação, projeto de ações para prevenção e combate a incêndios florestais (Fogo Zero), e também o Recicla Mais, que trabalha a reciclagem e a reutilização de diversos objetos que possam ser reaproveitados na unidade de conservação, como cadeiras, mesas, madeiras de cancelas e cercas. 

“As diretrizes do Sistema Nacional de Unidades de Conservação são pouco efetivas sem educação ambiental. Para proteger o patrimônio natural, o principal investimento de uma unidade de conservação é a conscientização”, frisa o diretor de Unidades de Conservação do IEF, Cláudio Castro.

Comunidade

Os trabalhos de educação ambiental só apresentam resultado se tiverem as comunidades do entorno como parceiras, de acordo com o gerente Alex Amaral. No entorno do Limoeiro, diversos vilarejos foram convidados a participar de projetos e ações desenvolvidos no parque e abraçaram as ideias. 

As comunidades participam de diversas formas. Elas estão representadas no Conselho Consultivo, visitam o parque, se voluntariam em projetos e ações, organizam reuniões e palestras para que a equipe da unidade possa tirar dúvidas, apoiam diretamente o projeto Fogo Zero na época mais crítica da seca. Também dão apoio ao mapeamento de crianças para a atividade o Natal em Comunidades, que recebe diversas atrações na época do Natal, como pula-pula, corte de cabelo, bate-papo sobre a importância do parque, lanches, guloseimas. A programação oferece apresentação teatral, coral, palhaços e fantasias e, com o apoio de parceiros, o parque faz uma grande campanha para arrecadar presentes para centenas de crianças cadastradas. 

A intenção da equipe do Parque do Limoeiro é se consolidar ainda mais como referência no assunto. Estão previstas algumas adaptações no imóvel da sede do parque, bem como a instalação de um restaurante, de centro de visitantes e a criação de espaços adequados para as ações de educação ambiental. A estrutura ainda prevê um auditório para 120 pessoas.

Pandemia

A pandemia de covid-19 manteve o parque fechado por sete meses no ano passado, situação que se repete atualmente com a inclusão de todo o estado de Minas Gerais na onda roxa do Plano Minas Consciente, que permite o funcionamento apenas de atividades essenciais. Durante esses fechamentos, a equipe composta por 11 funcionários aproveitou para criar novos equipamentos de entretenimento para os visitantes tirarem fotos e também avançaram em tarefas como o reconhecimento de um novo mirante.

Atrativos

O grande diferencial do Parque Estadual Mata do Limoeiro é seu conjunto de atrativos ecológicos. A combinação de cachoeiras, trilhas e mirantes é perfeita para quem não abre mão do contato direto com a natureza. Destaque para a Cachoeira do Derrubado, com altura de mais de 40 metros e um grande poço, propício para banho em épocas secas. Na parte baixa, é possível cruzar o Córrego do Macuco em direção à comunidade do Cedro. A cachoeira está situada a 4,5 quilômetros da sede do parque, o que significa cerca de uma hora de caminhada.

Já a Cachoeira do Paredão é formada por três corredeiras e poços propícios para banho, principalmente em períodos secos. Ela fica a 3,3 quilômetros de distância da sede do parque e cerca de 45 minutos de caminhada. A Cascata do Limoeiro é formada por pequenas quedas d’água e poços propícios para banho. Ela está situada a 3,5 quilômetros da sede do parque, o que equivale a 50 minutos de caminhada. Todos esses atrativos são conectados por um circuito de oito quilômetros, que circunda o parque e pode ser percorrido de bicicleta com pequenos obstáculos naturais.

A unidade ainda conta com a Gruta do Limoeiro, que serve de abrigo para mamíferos de porte elevado e é habitada por morcegos. A visitação só é permitida com autorização da gerência da unidade e com acompanhamento de guia. Está situada a 4,8 quilômetros de distância da sede do parque. Outra atração interessante é a Trilha dos Sentidos, conduzida pela equipe de funcionários do parque com o visitante com os olhos vendados, seguindo uma corda por 220 metros.

Comemoração virtual

Devido ao momento mais crítico de pandemia da covid-19, a celebração pelos dez anos do Parque do Limoeiro será virtual, com o lançamento do livro “Olhares sobre o Parque Estadual Mata do Limoeiro”. A publicação traz 46 imagens da unidade de conservação, resultado de diferentes olhares de 13 fotógrafos sobre a área protegida. O livro foi desenvolvido com recursos de um Termo de Ajustamento de Conduta celebrado com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). O evento será nesta quarta-feira (24/3), às 19h.