Oficina vai discutir novo plano de manejo para o Parque Estadual do Pico do Itambé

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Representantes da comunidade, de órgãos públicos, de pesquisadores, do setor privado, de organizações não governamentais (ONGs) e do Instituto Estadual de Florestas (IEF) vão se reunir, entre os dias 6 e 8/4, para uma oficina participativa com o objetivo de desenvolver, de forma coletiva, o novo plano de manejo do Parque Estadual do Pico do Itambé, localizado nos municípios de Santo Antônio do Itambé, Serro e Serra Azul de Minas.


A expectativa é que a equipe multidisciplinar contribua sob diversos pontos de vista para a construção do novo plano de manejo. A nova proposta será implementada com base na metodologia do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Ao todo, 27 pessoas devem participar da oficina participativa, que será realizada no Parque Estadual do Rio Preto, em São Gonçalo do Rio Preto.

Além de ter a participação da população de uma forma geral, a construção do plano de manejo será custeada pela Prefeitura Municipal de Santo Antônio do Itambé, que vai financiar a alimentação dos participantes da oficina, por meio de uma cooperação técnica com o IEF e a administração do Parque Estadual do Pico do Itambé.

Evandro Rodney

O analista ambiental do IEF, Rodrigo Zeller, explica que o plano de manejo vigente no parque foi criado em 2004 e que, atualmente, algumas propostas não se enquadram na situação atual da unidade de conservação, como a questão do manejo integrado do fogo e de situações ligadas ao turismo.

“No ano seguinte (à construção do plano de manejo), em 2005, os limites do parque mudaram e tiveram uma mudança grande, que não está contemplada no plano de manejo. O plano de manejo veda o manejo do fogo. Hoje, o manejo do fogo é a principal estratégia que temos para evitar os incêndios”, avalia Zeller.

Reunião

Representantes do IEF fizeram uma reunião, em 17/2, com as comunidades de Santo Antônio do Itambé, de Serra Azul de Minas e do distrito de Capivari, para colher sugestões e esclarecer informações sobre a oficina participativa. “Foi um debate produtivo de construção coletiva”, disse Rodrigo.

A gerente do Parque Estadual do Pico do Itambé, Silvia Jussara Duarte, está bastante animada para a oficina participativa. Silvia, que é formada em Geografia, acredita que a construção do novo plano de manejo contribuirá para melhorar a gestão do parque. “Estou gostando demais de puxar dados do parque e atualizar. Isso é muito bom, e estamos fortalecendo as parcerias já nos preparativos para a oficina. Estou bastante animada para os trabalhos”.

A oficina será realizada seguindo os protocolos de enfrentamento à covid-19, como a adoção do uso de máscara e a utilização do álcool em gel 70%.

Experiência

Esta será a segunda oficina participativa de revisão de plano de manejo na região do Jequitinhonha realizada inteiramente por servidores do IEF, sem contratação de consultoria externa. Em 2020, o Parque Estadual do Rio Preto promoveu uma participação social no processo de elaboração do novo documento, que sai praticamente pronto da oficina, somente pendente para revisão e consolidação posterior.

“Surgem ideias e percepções que a gente não consegue ter sozinho. Quando você junta vários atores, como o pesquisador e o vizinho do parque, sai um algo maravilhoso, e a gente faz um plano de manejo melhor”, afirma o analista ambiental do IEF.

Assim como foi no Parque Estadual do Rio Preto, a oficina para elaboração do novo plano de manejo do Pico do Itambé será realizada com trabalhos em plenária, com todos os participantes, e em grupos.

O parque

O Parque Estadual do Pico do Itambé está localizado na região do Vale do Jequitinhonha e Doce, no complexo da serra do Espinhaço, região central de Minas Gerais. As rochas do local são de composição quartzítica.

A unidade de conservação possui uma área de 6.520 hectares e seus biomas característicos são a Mata Atlântica e o Cerrado. Como o próprio nome diz, o parque tem como maior destaque o Pico do Itambé, com 2.052 metros de altitude, um dos marcos referenciais do estado e que está entre os pontos mais altos da serra do Espinhaço.

Em 2011, a pesquisadora Izabela Barata, do Instituto Biotrópicos, descobriu, no parque, uma nova espécie de sapo que foi denominada Crossodactloydes itambe, cujo nome presta uma justa homenagem ao espaço do qual depende totalmente a sua sobrevivência.