Funed monitora redução de açúcar em alimentos

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O Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), da Fundação Ezequiel Dias (Funed), apresentou os primeiros resultados do trabalho feito em conjunto com o Ministério da Saúde (MS) e a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) para reduzir os níveis de açúcares em alimentos. A atuação está prevista na carta “Análise de açúcares no contexto do Plano de Redução de Açúcares em Alimentos Industrializados”, assinada pelas instituições em agosto de 2020. 

O objetivo é avaliar o perfil nutricional e o cumprimento de metas de redução dos teores de açúcares em categorias prioritárias de alimentos constantes no Plano de Redução de Açúcar em Alimentos Industrializados, por meio de análise química e de rotulagem. Além disso, a iniciativa busca verificar e aperfeiçoar as metodologias usadas para identificar a substância em laboratórios oficiais. 

Oscilação

Análises preliminares dos rótulos dos produtos mostram que, em alguns alimentos, há composições nutricionais variadas dentro de uma mesma categoria. Na categoria bebida láctea não fermentada, por exemplo, é possível encontrar valores de açúcares que oscilam em até 400% para uma mesma porção. Já no biscoito waffer, o total de açúcar variou em até 300%. “Isso significa que um fabricante utiliza, de maneira geral, cerca de três ou quatro vezes mais açúcar do que outro”, explica Cristiane Goddard, uma das coordenadoras do trabalho na Funed.

A pesquisadora destaca, ainda, que, entre as atividades realizadas, estão a de análise de rotulagem, a validação de metodologias e a determinação de açúcares totais em produtos como bebidas adoçadas (refrigerantes, néctares e refrescos), biscoitos (waffers ou doces, com e sem recheio), bolos e misturas, lácteos (bebidas lácteas, iogurtes, leites fermentados e petit suisse) e achocolatados em pó.

Esse trabalho está integrado ao Termo de Compromisso para redução dos teores de açúcar em diferentes alimentos, firmados em 2018 entre o Ministério da Saúde e associações do setor produtivo de alimentos.

Consumo elevado

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda uma baixa ingestão de açúcares livres ao longo da vida. No entanto, de acordo com dados do Ministério da Saúde, os brasileiros consomem 50% a mais de açúcar do que o recomendado. Isso significa que, por dia, cada pessoa ingere, em média, 18 colheres de chá do produto - que correspondem a 80 gramas de açúcar por dia. 

Desse total, 64% correspondem a açúcares adicionados, ou seja, àquela colherzinha a mais inserida aos alimentos. O restante é o próprio açúcar presente nos alimentos industrializados. “O consumo exagerado pode contribuir para o aumento de doenças crônicas não transmissíveis, como a diabetes e a obesidade”, alerta a chefe do Serviço de Análise de Rotulagem do Lacen/Funed e também coordenadora do projeto, Valéria Martins.