Circuito Mineiro discute desafios da gestão cafeeira

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O gerenciamento das propriedades cafeeiras é o foco da série de eventos técnicos do Circuito Mineiro de Cafeicultura deste ano, em todo o estado. No total, estão previstas cerca de 30 etapas, nas quatro regiões produtoras de café (Sul, Chapadas de Minas, Matas de Minas e Cerrado).

O tradicional evento é realizado em um momento desafiador para o produtor: preços baixos no mercado da commodity agrícola; aumento de insumos, como óleo diesel e energia; condições climáticas pouco favoráveis; e a bienalidade do cafeeiro, que alterna ano a ano entre safras baixas e altas.

O coordenador estadual de cafeicultura da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater), Bernardino Cangussu, explica que, como o cafeicultor está tendo dificuldade para ser remunerado em sua atividade, o momento exige cautela.

“Mais do que nunca é importante uma gestão profissional dos custos. A gente espera que a retomada de preços venha e que o produtor tenha condições de aproveitá-la”, argumenta.

Na opinião do coordenador da Emater, a qualidade do produto é o principal quesito colocado pelo mercado atual de café. “Essa é uma demanda que veio como uma onda, mas não está parando e a tendência é que se solidifique”, ressalta. Ele cita as grandes companhias mundiais que agora partiram para a produção de cafés de qualidade. “Hoje grandes companhias mundiais estão fazendo cafés de qualidade, então o preço desse tipo tende a se manter com um diferencial”, afirma.

Certifica Minas Café

Durante o Circuito Mineiro de Cafeicultura, os participantes, formados por técnicos, empresários e agricultores, terão a oportunidade de conhecer mais sobre o programa estruturador do Governo de Minas, o Certifica Minas Café.

Realizado pela Emater e pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), sob coordenação da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), o Certifica Minas Café tem como uma das ações o atestado de qualidade das propriedades cafeeiras.

O programa orienta e certifica os cafeicultores para atender as exigências do comércio internacional, possibilitando ao produto mineiro conquistar novos mercados, adequando às boas práticas mundiais de produção com responsabilidade ambiental, social e trabalhista.

As orientações para adequações das propriedades são feitas pela Emater, enquanto as auditorias para verificá-las, de acordo com os padrões internacionais, são realizadas pelo IMA.

“É um roteiro que permite ao produtor a tomada de decisões, pois foca não somente na qualidade do café, mas também na qualidade da sua produção, o respeito às leis trabalhistas e ambientais, dentro da propriedade. O Certifica Minas Café cobra uma gestão eficiente do produtor, seguindo linhas de passo a passo”, explica Bernardino Cangussu.

De acordo com o coordenador da Emater-MG, a eficiência do programa tem reconhecimento internacional. “No ano passado, a Nestlé, maior compradora de café do mundo, reconheceu o Certifica Minas Café como um dos fornecedores de cafés sustentáveis”, salienta. Atualmente, o programa tem 1,3 mil propriedades cafeeiras certificadas e 700 em processo. Tem também parcerias com exportadores e outros organismos internacionais, o que possibilita ao produtor a abertura de novos mercados.

Encontro

A próxima etapa do Circuito Mineiro de Cafeicultura será no dia 11 de abril, no município de Caiana, na Zona da Mata. Durante o evento, será realizado também o encontro Intermunicipal de Cafeicultores, que envolve 17 municípios da região produtora de café Matas de Minas. A primeira edição ocorreu nesta quinta-feira (4/4), em Guapé, no Sudoeste Mineiro.

A região tem a maior concentração de vencedores dos últimos concursos estaduais de qualidade dos cafés de Minas. Segundo o coordenador da Emater, Bernadino Cangussu, o evento tem sido referência na produção de cafés de qualidade pela agricultura familiar.

O Circuito de Cafeicultura é promovido pela Emater e pela Universidade Federal de Lavras (Ufla), em parceria com universidades, prefeituras, sindicatos rurais e empresas do setor.