Seminário de emergências ambientais discute vazamento de produtos perigosos e realiza simulado

Evento reuniu agentes públicos, empresas especializadas e transportadores de cargas de risco na Cidade Administrativa

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Dados do Núcleo de Emergência Ambiental da Feam mostram que o transporte rodoviário foi responsável por 77% das ocorrências comunicadas até novembro
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Um exercício prático com simulação de derramamento de óleo diesel em via pública fechou a programação da 9ª edição do Seminário de Emergência Ambiental na quinta-feira (21/11). O evento, organizado pela Gerência de Prevenção e Emergência Ambiental da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) e pela Comissão Estadual de Prevenção, Preparação e Resposta Rápida a Emergências Ambientais com Produtos Perigosos (CE P2R2 Minas), foi realizado na Cidade Administrativa, em Belo Horizonte.

O simulado foi na área externa, em frente ao prédio de serviços. O objetivo foi trabalhar a prevenção dos acidentes envolvendo produtos perigosos e as medidas que devem ser adotadas em caso de ocorrências com emergência ambiental, como isolamento do local e contenção ao risco de explosão. Dados do Núcleo de Emergência Ambiental (NEA) da Feam mostram que o transporte rodoviário foi responsável por 77% das ocorrências comunicadas entre janeiro e 19 de novembro deste ano. 

Na atividade, o motorista do caminhão que transportava o óleo diesel identificou o vazamento do produto e acionou imediatamente a transportadora. A empresa contatou a Polícia Militar, o Corpo de Bombeiros, o NEA, e o serviço de atendimento especializado contratado pela firma. Em seguida, as equipes começaram a se deslocar e estabeleceram um perímetro de isolamento. A primeira corporação a chegar foi a Polícia Militar, responsável por isolar a área.

Em seguida, os bombeiros atuaram com dois propósitos: resfriar o local para onde o óleo vazou e criar barreiras de contenção para evitar que o produto continuasse caindo em uma boca de lobo próxima, para diminuir os impactos de uma possível contaminação. A equipe especializada no atendimento de emergências chegou ao local para apoiar os bombeiros e desenvolver seus próprios protocolos de gerenciamento de riscos.

Os funcionários do NEA atuaram em conjunto com os outros órgãos para definir ações e verificar quais  as medidas necessárias para evitar o agravamento do acidente. “Depois, é feita uma ação de fiscalização e verificação dos danos ambientais", explica o gestor ambiental do NEA, Edilson Coelho.

Aprendizado

O técnico em Meio Ambiente da Copasa, Cleison Morais, que acompanhou o simulado, disse que a grande vantagem da atividade foi observar diferenças entre teoria e prática. "Os participantes se expõem a um perigo muito grande e é bem diferente do que a gente imagina. Foi muito bom para entender questões como isolamento e risco de explosão. Quando esse tipo de acidente acontece, tem que ter paciência porque é uma situação bem complexa", diz.

O seminário discutiu, nas últimas quarta (20/11) e quinta-feiras (21/11), acidentes com produtos perigosos. Diferentes profissionais que atuam na área, como empresas especializadas, transportadores das substâncias e agentes públicos puderam participar de palestras e atividades práticas, como o simulado, voltados para a qualificação.

Legislação

Uma situação de emergência resulta em fechamento de rodovias, danos ambientais e transtornos à população. Para mudar esse cenário, um avanço importante foi a adoção de legislação especializada no transporte de produtos perigosos nas rodovias que cortam Minas Gerais. “A principal questão é entender as novas regras que estão colocadas nos acidentes rodoviários e visualizar as interfaces entre as áreas”, diz o presidente da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), Renato Brandão.

Segundo a diretora de Prevenção e Emergência Ambiental da Semad, Wanderlene Ferreira Nacif, Minas é o único estado do Brasil que tem decreto regulamentando essa situação. Algo semelhante só existe na cidade de São Paulo. "Quem transporta produto perigoso precisa ter serviço de atendimento especializado, próprio ou terceirizado. Além disso, deve ter um plano de ação de emergência e precisa de serviço telefônico 24 horas que possa ser acionado no caso de acidente", afirma.

Acostumado a atuar na linha de frente dos atendimentos, o tenente do Corpo de Bombeiros Paulo César Soares de Lima Rocha acredita que as mudanças são importantes para que empresas transportadoras e recebedoras de carga procurem capacitar seus funcionários. “A lei é uma linguagem comum de atendimento, mas, acima de tudo, temos que trabalhar a prevenção e a disseminação do conhecimento. Quanto mais treinamentos envolvendo esse tipo de cenário, mais conscientizadas população e empresas estarão”, diz.

A inteligência operacional aplicada a situações críticas também foi destacada pelo comandante do Batalhão de Emergências Ambientais e Resposta a Desastres (Bemad), do Corpo de Bombeiros, o tenente-coronel Eduardo Ângelo Gomes da Silva. Segundo ele, levantar todos os dados disponíveis após um acidente ambiental é crucial para pensar ações de resposta ao desastre, além de capacitar pessoas envolvidas na gestão de um plano. 

Replicar conhecimento

A experiência vivenciada pelos órgãos públicos na gestão de acidentes e desastres ambientais também deve ser assimilada pela iniciativa privada, como observa o subsecretário de Fiscalização Ambiental da Semad, Robson Lucas da Silva. “O ideal é que ela (iniciativa privada) compartilhe as informações para que mais pessoas estejam preparadas para enfrentar essas situações”, afirma.

Representante da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Guilherme Zanforlin, lembra que empresas e indústria devem investir na prevenção, associada a seus processos produtivos. “Em um acidente é preciso saber como seria a melhor interação junto a órgãos ambientais e de atendimento a emergência, seja com disponibilização de recursos, efetivo de comunicação e relacionamento com a comunidade”, frisa. 



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