Pronunciamento do governador Romeu Zema na cerimônia de entrega da Medalha da Inconfidência 2025
Bom dia a todos!
Quero começar esse momento fazendo uma breve citação ao papa Francisco. Foi com profundo pesar que recebi a notícia do falecimento.
O papa Francisco foi mais que um líder religioso, mas um símbolo de esperança, simplicidade e justiça social para milhões de pessoas. Seu legado permanecerá vivo na memória dos que acreditam em um mundo mais fraterno e solidário. Que Deus o receba em paz e que suas palavras sigam ecoando.
Em setembro de 2023, tive o privilégio de estar na presença do papa no Vaticano, em um encontro emocionante. Ao ouvir que eu era de Minas Gerais, ele, sempre muito humilde e sábio, falou com carinho sobre nós, destacando nossa luta pela liberdade e nossa vocação pela paz.
E de fato nós, mineiros, somos conhecidos pela tranquilidade, pela hospitalidade acolhedora, pelo sotaque carismático e marcante. Estamos acostumados a receber as visitas como se fossem da família, em conversas no coração de qualquer residência mineira: nossa cozinha.
Mas também carregamos em nossa essência um componente forte de coragem para combater injustiças e desarranjos de governos autoritários e arbitrários.
Essa qualidade incontestável dos Mineiros é muito bem representada por Tiradentes e ajudou a construir uma parte da identidade do Brasil.
Outro grande mineiro, Tancredo Neves, falecido há exatos 40 anos, reforçava: “o homem deve ter liberdade de viver onde quiser, de trabalhar como quiser e de exercer plenamente a sua identidade”.
Hoje, celebrarmos mais um Dia da Inconfidência Mineira, quando transferimos simbolicamente a capital do Estado para a heroica Ouro Preto. Reverenciamos o espírito valente e presente no coração de todos os mineiros.
Aqui, na antiga Vila Rica, há mais de dois séculos, Tiradentes foi condenado à forca e teve o corpo esquartejado por reivindicar uma condição que, hoje, mais do que nunca, precisamos estar atentos: liberdade para todos.
Em Minas, continuamos lutando com bravura pela liberdade. Nossa história pauta movimentos e deveria inspirar a política brasileira.
Hoje, embora o Brasil tenha um regime democrático consolidado, com garantias asseguradas pela Constituição, a liberdade – infelizmente - não está assegurada.
É preciso, além de todas as teorias e leis, que os políticos façam valer a garantia da liberdade no nosso dia a dia.
Todo governante deve entender a liberdade no sentido mais amplo: liberdade é o direito de manifestar opinião, de ir para onde quiser e voltar com segurança para casa.
É o direito de escolher como colocar comida na mesa, de frequentar uma escola livre de politicagem. É o direito de realizar o sonho de abrir o próprio negócio e prosperar.
Sinto confiança que o novo presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, nosso homenageado neste ano, tem a mesma percepção sobre o que é a liberdade.
O mais jovem deputado a presidir a Câmara do Legislativo Federal tem perfil conciliador e agregador: uma combinação fundamental para que a liberdade seja prática e útil, e não apenas uma teoria.
Motta já demonstrou, por várias vezes, preocupação com princípios que estão entre os mais importantes da democracia: a eficiência da máquina pública e a responsabilidade com o uso do dinheiro público, confiado aos Governos eleitos.
Assim como Motta, defendemos, dia após dia, que não existe boa política se tivermos gastos descontrolados que alimentam uma inflação que penaliza todos.
Aqui em Minas Gerais cumprimos nossa missão, seguindo esse valor da boa administração: nunca gastar mais do que se arrecada.
Nossa história já provou que, mais do que falar, em Minas nós lutamos e exigimos a liberdade como prática indispensável para a vida de uma sociedade mais justa.
Tiradentes é a nossa inspiração e, assim como ele, nós sabemos que só interessa a governos tirânicos os altos impostos, a gastança e o descontrole fiscal, que escravizam e impedem o exercício da liberdade.
Falando em inspiração, gostaria de contar um pouco a história da minha família. Meus antepassados chegaram ao Brasil em 1898, apenas com a força do corpo e a esperança depositada na liberdade, acreditando na aparente modernização do sistema político daqui e na abolição da escravatura: vieram justamente para substituir mão de obra escrava.
Apesar de ainda terem sofrido práticas semiescravocratas, compartilhavam a mesma esperança dos Inconfidentes: sonhavam com a liberdade lhes permitiria conquistar, a partir do zero, pela força do trabalho e com seu próprio esforço, um futuro melhor.
Minha família, apesar dos desafios, nunca desanimou. Pelo contrário: trabalhou cada vez mais. Meu tataravô começou nas lavouras de café, meu bisavô como motorista, minha bisavó como costureira. Começaram com trabalhos simples e honestos e trilharam, aos poucos, um caminho de sucesso com valentia e sem passar por cima de ninguém.
Assim como meus ancestrais, iniciei em um cenário desafiador na vida pública.
Tanto na eleição como em meus primeiros anos de mandato fui desacreditado por muitos e, hoje, mais que nunca, digo que cheguei até aqui com muito trabalho, respeitando a todos, e principalmente graças ao apoio de pessoas sérias, qualificadas e de boa fé.
Exemplo disso é meu time de governo que me ajudou desde o primeiro dia.
A vocês, secretários, ex-secretários, sou muito grato!
Vocês foram selecionados porque são competentes.
Sempre medimos o comprometimento de cada um em melhorar a vida dos mineiros.
E vocês não decepcionaram.
Por isso, no penúltimo ano da minha missão à frente do Governo de Minas Gerais, faço questão de agradecer a cada um dos secretários e ex-secretários, chefes de órgãos e ex-chefes, que fizeram e têm feito de Minas o melhor estado para se viver e investir no Brasil.
A medalha que vocês recebem hoje é parte desse reconhecimento.
Lá em 2019, quando iniciamos essa jornada para reerguer um estado arrasado, contei com o apoio destes administradores experientes, movidos pelo desejo de voltar a colocar Minas de pé, como ela sempre mereceu estar.
Agora estamos colhendo os frutos dessa nossa história! Minas não está mais de joelhos. Minas se tornou um estado mais justo, com oportunidades, com recordes atrás de recordes, graças à gestão preocupada em garantir que as oportunidades aconteçam.
Uma das pessoas que não posso deixar de agradecer é meu braço direito, que foi meu Secretário-Geral e me ajudou a vencer problemas tão grandes quanto a pandemia.
Mateus Simões, hoje meu vice-governador, tem sido peça fundamental.
Sua ética de trabalho é tão forte que escolheu tirar férias em um período que acumulasse vários feriados juntos, de forma a não perder dias úteis.
Apesar de não estar recebendo uma medalha como os demais, fica aqui meu reconhecimento público ao Mateus por todo seu trabalho.
Também lembro o trabalho do ex-secretário de Infraestrutura Fernando Marcato, que chegou em 2020 e mostrou ter o espírito corajoso de Tiradentes ao conduzir a secretaria, mesmo quando precisou conciliar o compromisso que fez com o povo mineiro ao seu tratamento de saúde.
Foi com Marcato que conseguimos avanços especiais, como o tão desejado leilão do Metrô de BH. Hoje, o portfólio de concessões e Parcerias Público-Privadas em Minas é um dos maiores do Brasil.
O que temos visto na Educação com o secretário Igor de Alvarenga também é muito gratificante. Como servidor de carreira, tendo sido professor, diretor de escolas públicas estaduais e subsecretário, Igor mostrou o poder do merecimento e se tornou secretário. Ele usa todo seu conhecimento em favor da educação que os mineiros merecem.
Além de investir na melhoria da infraestrutura de escolas, nosso governo é exemplo nacional em qualificação profissional com um programa inovador, o Trilhas de Futuro, que prepara e dá oportunidade no mercado de trabalho.
Outro exemplo é o Passaporte Mineiro do Conhecimento, que tem levado estudantes de escolas públicas para vivências de intercâmbio mundo afora.
Aqui em Minas valorizamos o merecimento, e as mulheres têm mostrado como são capazes e como a presença feminina é determinante na realização de políticas públicas eficientes.
Agradeço a todas as mulheres que ocupam cargos de liderança no Governo de Minas e ressalto o meu orgulho em trabalhar ao lado de vocês.
Entre tantas gestoras competentes, quero lembrar de nossa ex-secretária Ana Valentini, a primeira mulher a comandar a Secretaria de Agricultura em 130 anos de existência da pasta.
Ela foi uma das responsáveis por levar o agronegócio e as práticas sustentáveis a um patamar de evolução inédito.
Também agradeço ao profissionalismo da Coronel Jordana, também a primeira mulher a chefiar o Corpo de Bombeiros do Estado, que, fundado há 113 anos, é referência no salvamento de vidas no mundo inteiro e teve uma atuação exemplar nas tragédias de Mariana e Brumadinho.
Ao lembrar desses momentos tristes, não posso deixar de citar outra ex-secretária: Luísa Barreto, servidora de carreira que, confrontada com a dificílima tarefa, não se furtou a ajudar a construir, por meio de inúmeras discussões junto à população, a políticos e às Instituições de Justiça, um moderno acordo que permitiu justiça mais rápida e uma reparação mais ágil aos atingidos em Brumadinho.
Foi esse trabalho de sucesso, que envolveu boa parte de nossa equipe de secretários, que serviu de base para a repactuação do antigo e malsucedido Acordo de Mariana.
Esses acordos estão garantindo uma justiça para quem sofreu os impactos dos crimes e não deixarão que o tempo apague essas memórias.
As garantias dos direitos de quem sofreu, dos moradores das cidades atingidas, foram asseguradas com entregas que tentam reduzir outras injustiças que ainda existem no Brasil, como falta de tratamento de esgoto e saneamento.
Meus amigos secretários, gostaria de repassar toda nossa história. São momentos muito marcantes da minha vida, mas infelizmente não temos tempo.
Sintam-se nominalmente citados, pois considero que somos uma família. A vocês, meu muito obrigado por tudo o que têm feito em prol de Minas!
Que as ruas de Ouro Preto continuem emanando o espírito dos Inconfidentes para o Brasil e o mundo, ensinando que a liberdade é condição inegociável.
Repito a vocês com simplicidade e determinação o nosso guia, fruto da luta dos Inconfidentes, e que está estampado na nossa bandeira, a partir da frase do poeta Alvarenga Peixoto:
“Liberdade ainda que tardia”.
Muito obrigado a todos!