No Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg), colaboradores surdos e ouvintes desenvolvem juntos várias tarefas administrativas e de manutenção. É assim que a instituição trabalha a inclusão de profissionais surdos desde 2000 e é, nos dias de hoje, a autarquia do Executivo estadual com mais colaboradores vinculados à Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (Feneis).

São 108 vagas disponíveis no contrato entre as instituições. Atualmente, 98 estão preenchidas e com colaboradores lotados na Cidade Administrativa de Minas Gerais (Camg), no Centro de Especialidades Médicas (CEM), no Hospital Governador Israel Pinheiro (HGIP) e na Gerência Odontológica (Geodont), unidades localizadas em Belo Horizonte.

“A integração entre os trabalhadores surdos e ouvintes promove diversidade, inclusão e uma cultura de respeito mútuo. O Ipsemg é uma instituição centenária, com uma parceria de mais de 20 anos com a Feneis, uma força de trabalho que só nos traz sucesso”, destaca o presidente do instituto, André dos Anjos.

Com a reforma administrativa, a Secretaria de Estado de Casa Civil apoia os órgãos e entidades da Administração Pública estadual na formulação de diretrizes e na interlocução e implementação de ações voltadas às pessoas com deficiência, às pessoas com doenças raras e às entidades privadas com finalidade afeta.

O secretário-chefe de Casa Civil, Marcelo Aro, reafirma o compromisso do Governo de Minas em garantir todos os direitos da pessoa com deficiência, entre eles a inclusão no mercado de trabalho. “Gerar renda para a comunidade surda é uma prioridade. Essa parceria entre o governo e a Feneis vem mudando a vida de muitas pessoas e temos orgulho disso”, declara.

 

Colaboradores no Ipsemg

Os colaboradores da Feneis, na maioria, ocupam vagas administrativas no Ipsemg como digitador, auxiliar de escritório e arquivo. Também há profissionais que atuam como auxiliar de manutenção, bombeiro hidráulico e em setores assistenciais.

Cátia Bruna Souza Guerra, 43 anos, é uma das colaboradoras da área administrativa. O primeiro emprego dela foi no Ipsemg, e ela conta que aprendeu tudo com os colegas. Entre as atividades realizadas por Cátia está buscar e protocolar processos e digitalizar documentos para o SEI. “O trabalho no instituto é legal. É um lugar em que conheci muitas pessoas queridas”,comenta a colaboradora, que está no instituto há 14 anos.

Cátia e o colega Silvio Eduardo Maia Júnior, também da Feneis, trabalham no Departamento da Gestão de Cadastro e do Atendimento. “Falar da Cátia e do Silvio é muito fácil e gratificante. Eu os conheço há muitos anos e para mim é um enorme privilégio compartilhar o dia a dia com eles. São pessoas que trazem para o ambiente de trabalho muita alegria, uma energia contagiante, espírito colaborativo, comprometimento com o serviço e com os colegas”, disse a coordenadora Carla Moreira Rocha de Melo.
 

Taís Salomão Carvalho, coordenadora de execução orçamentária do Departamento de Contabilidade e Finanças (Decof), tem oito profissionais surdos ou com limitações auditivas na equipe. “É um enorme prazer trabalhar com eles. São dois anos trabalhando juntos. Eles são atenciosos, dedicados com as tarefas. É muito bom esse convívio”, diz.

O colaborador Evaldo Campos Almeida, 53 anos, o "Papapa", é conhecido pelo jeito extrovertido. Pintor no HGIP, ele entrou na unidade em dezembro de 2000. “Eu gosto muito do meu trabalho, fiz muitos amigos, e me sinto muito bem aqui” afirma.

Para auxiliar a comunicação, um intérprete de Libras e Língua Portuguesa está presente acompanhando todas as atividades em que há os colaboradores surdos. No Ipsemg, o trabalho é feito por Edilson de Souza Lopes e Luiza Alves Tavares. “Essa oportunidade de incluí-los mostra que são capazes de realizar muitas atividades e vencer barreiras” pontua Edilson Lopes.

Dia Nacional dos Surdos

O Dia Nacional dos Surdos é celebrado em 26/9. Para comemorar a data, instituída pela Lei nº 11.796/2008, o Ipsemg publicou em suas redes sociais fotos de alguns dos colaboradores para prestar uma homenagem.

Aproximadamente 5% da população tem alguma deficiência auditiva, o que equivale a cerca de 10 milhões de brasileiros.

“A inclusão dos surdos e das pessoas com deficiência auditiva no mercado de trabalho promove muitos ganhos: a diversidade, já que as pessoas têm a oportunidade de conhecer a língua de sinais e também a cultura dos surdos, e a igualdade de oportunidades, ao propiciar que ocupem os mesmos espaços laborais” pontua Tamires Fonseca, psicóloga de Recursos Humanos da Feneis.