Mostra L.A. Rebellion no Cine Humberto Mauro
Nos anos 1970, a Universidade da Califórnia em Los Angeles (Ucla) começou uma política de inclusão de jovens estudantes de cinema de origens imigratórias nos Estados Unidos (EUA), impulsionando a produção afro-americana de um conjunto de filmes que ficou conhecido como “L.A. Rebellion”. A mostra homônima vai exibir, no Cine Humberto Mauro, a partir de sexta-feira (12/4), esse contexto de ebulição de um novo cinema negro, com obras de cineastas como Julie Dash, Charles Burnett, Larry Clark e Haile Gerima.
Depois de passar por Recife, Rio de Janeiro e São Paulo, a curadoria, assinada por Luís Fernando Moura e Victor Guimarães, traz à Fundação Clóvis Salgado (FCS) um recorte de 14 filmes restaurados, do vasto leque de obras produzidas pelos cineastas afro-americanos da UCLA, alguns até então inéditos no Brasil. Aclamadas pela crítica internacional, as obras expressam o vigor e singularidade dos realizadores. Em Belo Horizonte, sessões comentadas e debates também farão parte da programação.
A “L.A. Rebellion” se caracteriza, também, por trazer engajamento político com as questões de seu tempo. “Foi o primeiro conjunto expressivo de realizadores dentro dos Estados Unidos a fazer um cinema anticolonial. Era um momento político insurgente, com os Panteras Negras, a prisão de Angela Davis e os movimentos de descolonização na África e na América Latina”, observa o curador, Fernando Moura.
Exibições
Um dos destaques da mostra L.A. Rebellion é o conjunto de curtas de Julie Dash, a primeira mulher negra nos EUA a lançar um filme nos cinemas comerciais. Na programação estão “Diário de uma Freira Africana” (1977) e “Ilusões” (1982), ambos em cópias restauradas.
Outro filme esperado é “Dando um Rolê” (1977), que será exibido em oportunidade única: o longa foi concebido como um espetáculo de jazz para as salas de cinema e por isso não possui cópia doméstica, somente a cópia restaurada em DCP cedida pela UCLA. “Bush Mama” (1979), que abre a mostra no dia 12/4, será exibido em 16mm.
Faz parte da programação o filme mudo “Nos Limites dos Portões” (1919), primeiro longa-metragem ainda disponível realizado por um afro-americano, recuperado depois de ser considerado perdido por anos e que celebra seu centenário em 2019. O longa é considerado um retrato da situação racial dos EUA no começo do século XX. Outro destaque é “Material de Pesquisa de Campo” (1928), primeira produção audiovisual dirigida autonomamente por uma mulher afro-americana, a antropóloga Zora Neale Hurston.
Diversas sessões serão comentadas e na quarta-feira (17/4), às 19h, acontecerá o debate “L.A. Rebellion”, passado e presente com Fábio Rodrigues Filho, Layla Braz, Luís Fernando Moura, Tatiana Carvalho Costa e Victor Guimarães.
Cine Humberto Mauro – L.A. Rebellion
Local: Cine Humberto Mauro – Palácio das Artes
Endereço: Av. Afonso Pena, 1.537
Período: entre 12 e 18 de abril
Entrada: Gratuita com ingressos distribuídos uma hora antes de cada sessão
Informações para o público: (31) 3236-7400