Polícia Civil participa de pesquisa sobre uso de moscas para desvendar homicídios

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Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) integra um grupo de pesquisa na área de Entomologia Forense, que é a aplicação de conhecimentos da biologia dos insetos em questionamentos da área criminal. O objetivo é estudar o uso de ovos e larvas de moscas encontrados em corpos para desvendar homicídios.

Essas análises contribuem para estimar onde foi o crime e o tempo de morte em cadáveres já em fase de decomposição, quando o trabalho se torna mais delicado. Dois corpos que estão no Instituto Médico Legal André Roquette, na capital mineira, já são objetos de estudo.
 

Divulgação / PCMG

O perito Pablo Alves Marinho, do laboratório de Química do Instituto de Criminalística da PCMG, faz parte do estudo, juntamente com a especialista em entomologia Thelma de Filippis e a professora da UNB Elisa Vianna.

Como funciona

“Após a morte, o corpo passa por um processo de decomposição, que é acelerado pela colonização de insetos necrófagos, que irão se alimentar dos tecidos do cadáver para o seu desenvolvimento", explica o perito. "A análise desses insetos ou larvas em cadáveres em estado de decomposição pode contribuir de várias formas para entender melhor o crime praticado”, destaca Marinho.

O procedimento, segundo ele, se baseia em coletar os insetos presentes no corpo em decomposição, anotar as condições ambientais relacionadas ao local da ocorrência, transportar as larvas dos insetos para o laboratório, criá-las num ambiente controlado para emergir o adulto e, assim, realizar a identificação da espécie do inseto. "Por último, são realizados cálculos matemáticos, utilizando dados publicados na literatura científica sobre a espécie coletada no local do crime”, completa.

Ampliação das análises

Ainda segundo Pablo Marinho, alguns estados do país já possuem peritos capacitados para analisar insetos coletados em corpos na fase de decomposição. No entanto, é necessário que as pesquisas na área de Entomologia Forense, ainda escassas, sejam ampliadas no Brasil.

O perito observa que é preciso identificar quais as espécies de insetos existentes na região estudada são mais propícias a colonizar cadáveres em estado de decomposição. “Ter essas informações e montar um banco de dados local é fundamental para o desenvolvimento da Entomologia Forense em Minas Gerais”, ressalta.

Publicação

O estudo de Entomologia Forense foi publicado no Volume 9 da Revista Brasileira de Criminalística. A pesquisa, inédita em Belo Horizonte, contou com a participação de pesquisadores da Universidade de Brasília, Faseh e alunos do Centro Universitário UNA.