Pesquisadora da Epamig publica artigo em conceituada revista científica internacional

  • ícone de compartilhamento

A pesquisadora da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), Madelaine Venzon, integrou o grupo de autores responsáveis pelo artigo “Beyond Carbon: The Contributions of South American Tropical Humid and Subhumid Forests to Ecosystem Services” (“Para além do carbono: Contribuições de florestas tropicais úmidas e semi-úmidas da América do Sul no fornecimento de serviços ecossistêmicos”), publicado na conceituada revista norte-americana Reviews of Geophysics, editada pela União de Geofísica dos Estados Unidos (AGU), e um dos mais influentes periódicos do mundo na área de Ciências da Terra. Leia o artigo neste link.

A publicação, que contou com autoria de 14 cientistas, foi uma das etapas do projeto “Uma revisão de funções não-carbono das Florestas Tropicais da América do Sul”, coordenado há cinco anos pelos pesquisadores Laura Borma, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Marcos Heil Costa, da Universidade Federal de Viçosa (UFV), e Carlos Nobre, climatologista e pesquisador colaborador do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA/USP).

O objetivo do artigo foi estudar as contribuições das florestas úmidas, principalmente a Amazônia e a Mata Atlântica, e das sub-úmidas, que são as savanas e o Cerrado, para além do sequestro de carbono, tema que tem sido bastante repetido. Além disso, buscaram compreender as ligações entre os serviços ecossistêmicos e três atributos principais da biodiversidade: estrutura, composição e função das florestas.

Serviços ecossistêmicos são os benefícios gerados para a sociedade pelos ecossistemas naturais, refletindo diretamente na qualidade de vida das pessoas. A lista de serviços é longa e vai desde a produção de bens para consumo e comercialização da humanidade até a moderação de eventos climáticos extremos, renovação da fertilidade do solo e a dispersão de sementes, dentre vários outros.

Madelaine Venzon, que é também coordenadora do Programa Estadual de Pesquisa em Agroecologia, foi convidada a contribuir com tópicos sobre dois serviços ecossistêmicos relacionados aos insetos: polinização e controle biológico de pragas. “A equipe precisava de alguém que fosse não apenas da área de agricultura, mas também da ecologia. Então, como eu trabalho as duas linhas, que convergem na agroecologia, em 2019 fui convidada por um dos coordenadores do projeto, por intermédio da pesquisadora Carolina Jaramillo-Giraldo. Foram várias reuniões e manuscritos até chegarmos a esse resultado final que saiu na Reviews of Geophysics”, salienta a pesquisadora da Epamig.

“É possível aliar biodiversidade à produtividade?”

No artigo, Venzon, que já trabalha com os temas há mais de 30 anos, realizou uma análise de dados oriundos de publicações científicas aprovadas e revisadas por pares, buscando observar as formas pelas quais a biodiversidade de florestas naturais influencia no aumento das populações de polinizadores e de predadores naturais das pragas em áreas agrícolas localizadas nas proximidades. Dentre as culturas positivamente afetadas estavam o café, a soja e as hortaliças, além de outras.

“Durante as revisões bibliográficas, o que vimos é que é muito importante ter biodiversidade, próxima ou dentro das áreas de plantio. Quanto mais próximo de florestas e matas naturais, maior a abundância de polinizadores e a riqueza de espécies. Isso resulta numa maior taxa de polinização, o que também gera maior número de frutos. Então além do efeito positivo ambiental, há também efeitos diretos no aumento da produção agrícola”, explica Madelaine.

A polinização é feita por vários seres vivos, como aves e morcegos, mas é realizada predominantemente por insetos, que, no Brasil, representam cerca de 90% dos casos. Além disso, a proximidade dessas matas naturais aumenta a população de alguns inimigos naturais das pragas, que tem como importante consequência a diminuição do uso de agrotóxicos, uma questão ambiental urgente. “Quando há uma grande biodiversidade próxima à plantação, você tem maiores quantidades de vespas e formigas predadoras, por exemplo, que são bastante generalistas. Estando próximas de uma grande quantidade de árvores, como em florestas tropicais, as vespas possuem locais para construírem ninhos e se reproduzirem, além de terem reservatórios com fontes de alimentos. Isso é importante para os predadores durante a época do ano em que as áreas de cultivo não apresentam pragas”, ressalta a pesquisadora.

Madelaine reforça a importância das pesquisas em agroecologia no país, que têm chamado a atenção das mais prestigiadas publicações da área no mundo, e destaca a participação da Epamig como uma das instituições autoras do artigo. “Sabemos do potencial brasileiro de produzir na agropecuária enquanto simultaneamente protege sua biodiversidade, e é nessa linha que temos trabalhado na Epamig. Para mim foi uma satisfação muito grande participar desse grande grupo, com quem publiquei o artigo em uma revista de altíssimo fator de impacto como a Reviews of Geophysics. Além disso, colocar o nome da Epamig como uma das instituições autoras é muito importante e mostra ao mundo que produzimos pesquisas do nível mais básico ao mais complexo, gerando aplicação de tecnologias e inovações”, conclui.

A Epamig é uma empresa vinculada à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa).