Nova espécie de libélula é descoberta no Parque Estadual do Itacolomi 

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Minas Gerais registra mais uma nova espécie de libélula descoberta em uma unidade de conservação gerenciada pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF). Depois da divulgação de espécies identificadas em coletas realizadas no Parque Estadual da Serra do Papagaio, no Sul de Minas, e também na Área de Proteção Ambiental (APA) Cachoeira das Andorinhas, em Ouro Preto, dessa vez uma nova libélula foi coletada em Parque Estadual do Itacolomi, também em Ouro Preto, na Região Central do Estado.

A espécie, encontrada em 2018, foi batizada de Heteragrion itacolomii, em homenagem ao local, e já teve o trabalho de descrição publicado por uma revista científica. Praticamente todas as unidades de conservação de proteção integral têm entre seus objetivos a realização de pesquisas científicas. O diretor-geral do IEF, Antônio Malard, ressalta que muitas vezes os parques são lembrados apenas por sua beleza natural. “Mas essas descobertas nos mostram como essas unidades também são importantes para a ciência”, destaca.

Os responsáveis pelo achado são os pesquisadores Walter Ávila Júnior, Frederico Lencioni e Marco Antônio Carneiro. Walter fez a coleta do animal quando trabalhava como monitor ambiental do Parque Estadual do Itacolomi e, atualmente, é mestrando no Programa de Ecologia de Biomas Tropicais na Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop). Ele conta que teve o apoio direto de Carneiro, que é seu orientador, e de Lencioni, referência no Brasil para estudos do gênero de libélulas Heteragrion. 

Os três também são responsáveis pela descoberta que ocorreu na APA Cachoeira das Andorinhas, que teve publicação científica confirmando o trabalho em dezembro de 2017.

Diferença

A grande questão que torna essa espécie nova, segundo o pesquisador, está nas características do apêndice caudal - parte que fica no final do abdômen e é diferente de outras espécies do gênero.

“Cada espécie tem um conjunto de características diferentes. No caso desse gênero Heteragrion, essas diferenças estão mais voltadas para o apêndice caudal. No laboratório, fazemos comparações para chegar a um consenso. Depois, mandamos para a revista, que tem outros especialistas. Eles leem o trabalho e fazem análises e questionamentos. A partir daí eles publicam e nós comprovamos ”, afirma Walter Júnior. 

O trabalho foi publicado em maio deste ano pela revista Zootaxa e pode ser acessado neste link.

Relevância ambiental

O pesquisador acrescenta que essa descoberta traz um indicador importante para o Parque do Itacolomi. “Normalmente, esse gênero de libélulas está associado a uma boa qualidade ambiental, principalmente no que diz respeito à água. Se a água não tiver com uma qualidade boa, o ovo da libélula pode não eclodir”, afirma.

Ainda segundo ele, o trabalho mostra a importância do Parque do Itacolomi para a conservação da fauna. “Além de ser uma nova forma de vida descoberta, temos um novo conhecimento sendo gerado e um aumento da biodiversidade. Os gestores das unidades de conservação podem contar com as pesquisas científicas para nortear os trabalhos de manejo e monitoramento. ”, completa.