IEF debate relação entre desmatamento, fauna silvestre e pandemias 

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Instituto Estadual de Florestas (IEF) realizou, na terça-feira (22/9), o seminário on-line “Fauna silvestre em diferentes ângulos – impactos da covid-19, desmatamento, tráfico e refaunação”. O evento, promovido em comemoração ao Dia Nacional de Defesa da Fauna, integra a programação da Semana Florestal 2020 e teve como objetivo debater a relação entre preservação ambiental e prevenção de doenças infectocontagiosas. As palestras tiveram a participação de especialistas em imunologia e gestão da fauna silvestre. 

A mediação foi da veterinária do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) de Belo Horizonte, Erika Procópio, e entre os participantes estava a diretora de Proteção à Fauna do IEF, Liliana Mateus,.

Dados do Global Virome Project (GVP), aliança internacional especializada em pesquisa de doenças infectocontagiosas, apontam que 75% das doenças infecciosas emergentes são provenientes de animais silvestres ou domésticos, incluindo pandemias de origem zoonótica, como a covid-19. Segundo o grupo, este percentual vem aumentando significativamente nas últimas décadas devido à ação humana, com intervenções que levam ao desequilíbrio da fauna e da flora do planeta.

Desmatamento

Os números foram apresentados pela professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e membro do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU, Mariana Vale. De acordo com a pesquisadora, o desmatamento e o tráfico de animais silvestres estão diretamente ligados à proliferação de doenças de origem zoonótica e podem ser contidos por meio de ações de controle e prevenção em escala global.

“O desmatamento e o tráfico de animais colocam as pessoas e animais domésticos em contato direto com animais silvestres que carregam patógenos. Isso acaba se tornando um gatilho para disseminação de inúmeras doenças”, explicou Mariana.

Coronavírus em animais

Os professores da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Rafael Monteiro e Adolfo Silva Neto, apresentaram os aspectos imunológicos e epidemiológicos do coronavírus em espécies de animais silvestres. Os pesquisadores destacaram registros da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) que comprovam a infecção de animais silvestres pela doença, como no Zoológico de Nova York, onde sete felinos foram diagnosticados positivamente para covid-19.

“A comunidade científica internacional vem monitorando diversos registros de infecção por SARS-Cov-2 em animais domésticos e silvestres. Há indícios que este problema, assim como vem ocorrendo com a espécie humana, irá atingir também outras espécies” disse o professor Adolfo Silva Neto.

Refaunação

A importância dos projetos de refaunação para a manutenção do equilíbrio ambiental foi tema da palestra do professor da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Fabiano de Melo. Ele apresentou a refaunação, ou reinserção de animais silvestres em habitats naturais recuperados, como importante mecanismo de reversão do atual quadro de redução do quantitativo endêmico nos principais biomas existentes.