Zoneamento de risco climático para primeira safra do feijão estabelece cuidados 

Agricultores familiares de Jequitibá, na região Central, recebem orientações da Emater-MG

imagem de destaque
Cerca de 70% da cultura do feijão em Minas é proveniente da agricultura familiar
  • ícone de compartilhamento

Minas Gerais já trabalha com as orientações do zoneamento agrícola de risco climático para a cultura da primeira safra de feijão do ano. O estado é o segundo maior produtor do grão no Brasil, com produção total estimada em 539 mil toneladas e área plantada de 355,2 mil hectares, ficando atrás apenas do Paraná. Além disso, cerca de 70% da cultura do feijão em Minas é proveniente da agricultura familiar.

O zoneamento agrícola de risco climático tem por objetivo identificar, a cada ano, os municípios aptos e os períodos de semeadura para o cultivo de feijão em três níveis de risco: 20%, 30% e 40%. Suas instruções ajudam a minimizar os problemas relacionados aos fenômenos climáticos, permitindo a cada cidade produtora identificar a melhor época de plantio da cultura, nos diferentes tipos de solos, e as melhores cultivares.

O zoneamento em vigor consta na Portaria Nº 40, de 22/4/2020 publicada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). “A portaria estabelece datas limites para o plantio em determinadas regiões do estado. Se o produtor cultiva fora dos intervalos definidos, o risco é dele. Ele não pode se credenciar a nenhum seguro, por seca ou excesso de chuva, por exemplo”, informa o coordenador técnico estadual de Culturas da Emater-MG, Sérgio Brás Regina.

Jequitibá

O agricultor familiar José Ricardo Falcão Moreira, presidente da Cooperativa dos Agricultores Familiares de Jequitibá e Região (Cooperaje), que reúne 54 filiados da área Central de Minas, afirma que segue à risca as orientações da Emater-MG para evitar prejuízos com oscilações climáticas e outras ocorrências durante a colheita de feijão.

“Geralmente plantamos em março, depois do período chuvoso, e colhemos em junho. Procuramos plantar em lugares mais altos. Mesmo assim, tivemos prejuízos com a enchente deste ano, que destruiu muitas lavouras de feijão”, admite. Jequitibá foi uma das cidades alagadas pelas chuvas de janeiro deste ano. 

Segundo a técnica agropecuária da Emater-MG de Jequitibá, Mara Dias de Castro, a orientação quanto aos problemas climáticos faz parte das ações da empresa no município, que atende 40 agricultores familiares no cultivo do feijão. “Recomendamos sempre o uso de sementes de qualidade, certificadas e tratadas para evitar algumas doenças. Também alertamos para que as pessoas não façam o plantio em épocas de risco de chuvas fortes na floração e na colheita, pois isso pode trazer muitos prejuízos”, explica. 

A produção anual de Jequitibá é de cerca de 180 toneladas da leguminosa, voltadas, principalmente, para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). A agricultura familiar tem uma área de plantio de 40 hectares e os médios produtores têm 25 hectares. 

Preço

O alto preço do feijão nos supermercados, que tem incomodado muitos consumidores, não tem relação com a pandemia da covid-19, conforme a Emater-MG. “A oscilação do valor é sazonal e depende basicamente da oferta e da procura pelo alimento. As interferências da pandemia são pontuais e não têm influenciado nos preços”, garante o coordenador técnico Sérgio Brás Regina.

Segundo ele, a principal razão para a variação dos preços foi a quantidade de chuvas na primeira safra mineira e brasileira da leguminosa, somada à sazonalidade dessa época do ano. “Houve um excesso de chuva que prejudicou muito a colheita e também a qualidade dos feijões colhidos, deixando os estoques baixos. O preço do feijão já tem normalmente uma alteração no intervalo entre a colheita da primeira e da segunda safra. Nos feijões da segunda safra, provavelmente os preços voltarão ao normal”, afirma.

A Emater-MG é vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa).



Últimas