Volta às aulas e tempo seco causam aumento no número de crianças com doenças respiratórias

Somente no Hospital Infantil João Paulo II foi registrado um crescimento de 35% no pronto atendimento

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O inverno marca a chegada do tempo mais frio e seco, com baixa umidade relativa do ar, causando uma série de problemas respiratórios, principalmente, nas crianças. Somente de junho a agosto deste ano, o Hospital Infantil João Paulo II (HIJPII), da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), atendeu mais de 5,5 mil crianças no pronto atendimento com esse diagnóstico. Um aumento de quase 40% em relação ao mesmo período do ano passado.

A pneumologista pediátrica do setor de Internação e do Ambulatório de Especialidades do HIJPII, Chalene Guimarães Soares Mezêncio, explica que o crescimento se deve ao retorno às aulas e atividades habituais, fazendo com que os vírus respiratórios – que circulam durante todo o ano, porém com maior prevalência nas estações de outono e inverno –  voltassem a circular com mais força em 2022, com o fim do uso obrigatório das máscaras e o aumento do convívio social. Assim, as crianças, que não foram expostas a esses vírus por dois anos, adoeceram todas juntas.

“Em 2021, grande parte das crianças e dos adultos ainda estava em isolamento parcial em suas casas, devido à pandemia da covid-19, com o mínimo de vida social, além do uso constante de máscaras. Assim, os vírus respiratórios não se espalharam tanto e elas também não tiveram oportunidade de conquistar imunidade, já que, para isso, é necessário estar exposto e ter contato com os vírus”, explica Chalene.

Fhemig / Divulgação


Quadros de repetição

De acordo com a médica, a maioria dos casos são quadros gripais de repetição, com tosse, coriza, coceira no nariz, dor de garganta e febre. “Observamos muitos quadros prolongados, que persistem por até três semanas e, em muitos casos, já emendam em um novo quadro viral, deixando os pais angustiados sem observar melhorias com a medicação”.

O período é ainda mais crítico para crianças que já têm doenças crônicas como asma e rinite alérgica, com crises de chieira de repetição. “Elas sofrem mais com as infecções virais e com a baixa umidade, pois apresentam quadros mais pronunciados, com cansaço e falta de ar e, algumas vezes, com necessidade de internação para suporte ventilatório e uso de medicações”, afirma.

Baixa umidade

A explicação para a baixa umidade do ar causar tantos problemas é devido ao ressecamento de toda a via aérea (que vai desde o nariz até os pulmões) deixando o muco mais espesso – que é um dos mecanismos de proteção do corpo humano, as narinas mais ressecadas e os olhos secos, levando à redução da defesa das infecções e, consequentemente, ao aumento dos sintomas de cansaço para respirar, sangramento nasal e coceira. Crianças com até três anos são ainda mais acometidas, por terem a via aérea pequena e menos imunidade contra agentes infecciosos.

Além disso, os baixos níveis de umidade diminuem a dispersão de partículas da poluição. Ou seja, os poluentes ficam ainda mais concentrados no ar, aumentando, assim, a quantidade inalada e piorando as doenças alérgicas como asma, rinite e conjuntivite.

Prevenção

Ingestão de muita água e alimentos saudáveis, que ajudam a manter a hidratação é a melhor opção para evitar os incômodos do tempo seco. Manter o quarto umidificado em dias críticos, com o uso de umidificadores elétricos, uma bacia de água no ambiente ou uma toalha bem molhada no chão também podem aliviar os sintomas e prevenir o agravamento das doenças respiratórias.

No entanto, é preciso estar atento ao excesso de umidade, que pode acabar levando ao surgimento de mofo e fungos, piorando ainda mais os sintomas de alergia. Também é importante lembrar do risco de afogamento das crianças durante a noite com o uso de bacias de água no quarto.

“Vida ao ar livre sempre é o melhor remédio para prevenção. Evitar aglomerações em ambientes fechados diminui o risco de infecções virais, além de favorecer o contato com a natureza”, recomenda a pneumologista.

Além disso, não se deve esquecer da importância de manter o cartão de vacina das crianças sempre em dia. A vacina contra a Influenza (conhecida popularmente como vacina contra a gripe) está disponível nos postos de saúde para crianças de seis meses a cinco anos.

Quando procurar o médico

Em casos de sintomas prolongados de febre, prostração e tosse com falta de ar, é recomendado que o responsável leve a criança para avaliação médica.

Lembrando que não é indicado o uso de medicamentos, além dos antitérmicos, que não sejam receitados por um especialista.

*Este conteúdo foi produzido durante o período de restrição eleitoral e publicado somente após a oficialização do término das eleições.



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