A pandemia trouxe vários desafios para as empresas no mundo mas, com criatividade, profissionais conseguiram encontrar soluções até melhores que os métodos tradicionais. Na Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), além de buscar formas seguras de manter as atividades do dia a dia, dificuldade enfrentada foi a capacitação dos novos funcionários, admitidos no último concurso público, que começaram a ser chamados a partir de 2019. A solução encontrada foi o desenvolvimento do Pré-Serviço 4.0, uma nova capacitação inicial dos empregados no modelo híbrido, em substituição à forma presencial anterior.

A capacitação dos novos profissionais da Emater-MG ocorria presencialmente, em centros de treinamento próprios ou de parceiros, em localidades diversas do estado. Em 2020, a primeira turma do Pré-Serviço estava prevista para  ocorrer em junho. Entretanto, em 11/3 do mesmo ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu uma situação de emergência de saúde pública e os planos tiveram de ser alterados. “Muitos profissionais da Emater-MG estavam deixando a empresa no PDV (Plano de Demissão Voluntária), então era fundamental preparar a entrada dos novos funcionários concursados a fim de garantir a reposição do quadro. Mas, devido à pandemia, pela primeira vez nos 73 anos da empresa, a capacitação dos novos funcionários teve de ser on-line, o que foi um grande desafio”, lembra o coordenador técnico estadual da Emater-MG e presidente da Comissão do Pré-Serviço, Carlos Alberto Souza.

Desafio

A empresa, então, montou uma equipe com profissionais de diferentes áreas para  preparar um novo modelo do curso de formação técnico/administrativa.

Segundo Carlos, o ineditismo do momento exigiu um alto grau de planejamento e organização da equipe do Pré-Serviço. “Antes de capacitar os novos colegas para assumir seus cargos, houve treinamento dos próprios instrutores em adaptação às novas ferramentas do EAD”, lembra o coordenador.

O conteúdo do curso abrange todas as áreas de conhecimento essenciais para que os novos funcionários possam entender a dinâmica da realidade da empresa, tanto no serviço de campo, quanto no escritório. Para o desenvolvimento transmitido, foram realizadas atividades síncronas (plataforma Zoom) e assíncronas (via ambiente Moodle).

Até o momento, seis turmas já passaram pelo Pré-Serviço, num total de 222  funcionários treinados. Segundo a equipe, a capacitação foi um grande desafio, pois existia expectativa das pessoas que entravam na empresa. “O Pré-Serviço mostrou que mesmo on-line é possível acolher as pessoas, usando desde mensagens personalizadas para cada participante até a metodologia de sala de aula, com músicas, câmeras sempre abertas, diálogo olho no olho, abertura para perguntas e trocas de experiências. Os tutores atuaram dando feedback para os alunos e os facilitadores e os profissionais fizeram relatos de experiências de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater). Apresentações permitiram, ainda, contar histórias e partilhar experiências. A essência do Pré-Serviço foi transmitir conhecimento com emoção, valores e propósito”, explica a relações públicas Alinne Drumond, também da comissão de Pré-Serviço.

Grande economia

Apesar das dificuldades impostas inicialmente, a realização do Pré-Serviço de forma virtual revelou muitas vantagens. Como a empresa tem uma grande dispersão geográfica no estado (escritórios em 804 municípios mineiros), evitou-se uma enorme movimentação de profissionais, tornando o processo mais rápido e prático. E como não houve a necessidade de deslocamento de um grande número de funcionários, tanto dos concursados como de instrutores, as despesas foram substancialmente menores.

Segundo Carlos Alberto, dados levantados até a quarta turma mostram que a projeção de custos do Pré-Serviço, feita a partir da experiência passada, era de cerca de R$ 989 mil, mas o gasto efetivo foi de R$ 299 mil. Uma economia de mais de R$ 689 mil, ou seja, de 69,72% do previsto. “A economia foi muito grande. Daí podemos concluir que a capacitação do Pré-Serviço foi um exemplo positivo de aplicação dos princípios da boa gestão pública”, afirma o coordenador.

Graças ao sucesso do trabalho, a equipe do Pré-Serviço (Alinne Drumond, Clarissa Souza, Débora Oliveira, José Aloízio Nery, Marcus Alexandre Gontijo, Maria Helena  Silva, Marinalva Soares, Samantha Barbosa e Carlos Alberto de Souza) conquistou o segundo lugar, na categoria “relato de experiências e boas práticas”, no 10º Prêmio Chico e-Cidadania, em 2021. O trabalho da Emater-MG se destacou na categoria relatos de experiência, área especial “Gasto público e custos em tempos de enfrentamento da covid-19 e no pós-crise”.

*Este conteúdo foi produzido durante o período de restrição eleitoral e publicado somente após a oficialização do término das eleições.