Tempo seco aumenta número de atendimentos no Hospital Infantil João Paulo II

Aliada ao frio, baixa umidade do ar provoca maior incidência de casos de crianças com doenças respiratórias

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Nesta época do ano, em que as temperaturas estão mais baixas e o tempo mais seco, é comum o aumento no número de atendimentos a crianças com doenças respiratórias no Hospital Infantil João Paulo II (HIJPII), da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig). Em 2021, somente de abril a junho, já foram atendidas 3.311 crianças com problemas respiratórios na unidade. Um aumento de mais de 50% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram registrados 1.258 atendimentos. O crescimento também foi observado nas internações no CTI da unidade, que passaram de 768 para 1.353.

O pneumologista pediatra do HIJPII Alberto Vergara acredita que o aumento dos casos é consequência da redução do distanciamento social. “Ano passado, com as pessoas mais isoladas em razão da covid-19, as crianças tiveram menos contato social, evitando o contágio interpessoal e, consequentemente, desenvolvendo menos infecções virais. Com isso, o número de atendimentos pediátricos caiu 80%”, contextualiza o pneumologista.

Cecília, de 8 anos, esteve internada na unidade em consequência de uma doença respiratória. “Minha filha tinha sintomas de gripe, se queixava de dor de cabeça e garganta e apresentava saturação baixa (dificuldade de respirar). Tivemos muito medo que ela estivesse com covid-19. Mas o exame deu negativo e ela foi diagnosticada com uma crise de asma”, conta a mãe, Nathália Cássia de Alcântara.

Segundo o pneumologista Alberto Vergara, o tempo seco costuma desencadear crises asmáticas, aumento de rinite alérgica e dermatite atópica, além de infecções virais respiratórias e infecções bacterianas secundárias aos quadros virais. “A baixa umidade relativa do ar pode desidratar as secreções do líquido pêro-ciliar e alterar a limpeza das secreções das vias respiratórias, dificultando a eliminação de micro-organismos. Por isso, recomenda-se o aumento do consumo de água e a aplicação de soro fisiológico nasal”, explica.

Prevenção

Manter hábitos saudáveis é a melhor forma de prevenir essas infecções. Alimentação variada - com consumo adequado de frutas, verduras, legumes, carboidratos, proteínas e gorduras -, hidratação, uma boa noite de sono e exercícios físicos regulares ajudam a fortalecer o sistema imunológico e prevenir doenças, como recomenda Alberto Vergara.

Divulgação / Fhemig

Além disso, de acordo com o pneumologista, evitar aglomerações e lugares mal ventilados, higienizar as mãos com frequência e usar máscara, que são as medidas já adotadas para a prevenção da covid-19, também ajudam a prevenir o contágio de outras doenças respiratórias.

O médico aproveita, ainda, para lembrar sobre a importância de vacinar as crianças. “Os responsáveis devem estar atentos ao cartão de vacinação e não esquecer da imunização contra a Influenza, que está disponível, nos postos de saúde, para crianças de 6 meses a 5 anos”.

Automedicação

Vergara alerta para o perigo da automedicação, incluindo a suplementação vitamínica. “A suplementação só é indicada em casos comprovados de hipovitaminose. Ou seja, são necessários exames e avaliação médica. O consumo em excesso de vitaminas, como a vitamina D, que muitas pessoas costumam repor por conta própria, pode provocar problemas graves”, afirma. 

“A medicação com antialérgicos, antitussígenos (usados para tratar tosse seca), mucolíticos (xaropes expectorantes) e antibióticos também não deve ser feita sem a recomendação de um médico”, completa. O uso de medicamentos sintomáticos, sem uma avaliação profissional, é indicado para tratar apenas os sintomas leves, quando não há comprometimento do estado geral, nem sinais de alerta. 

“Quando a febre consegue ser controlada com a medicação, a criança consegue se alimentar razoavelmente bem, está brincando e interagindo normalmente”, explica o pneumologista. No entanto, caso haja piora ou persistência dos sintomas, a recomendação é procurar assistência. 

“Quando a febre não cede, a criança fica prostrada, não alimenta, apresenta dificuldade para respirar, vômitos, sonolência, febre alta (a partir de 39 graus) ou diminuição da urina, o recomendado é que o responsável a leve a um centro de saúde para avaliação médica”, orienta Vergara.



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