Servas e voluntários levam solidariedade a Brumadinho

Tragédias como a do rompimento da barragem da Mina do Feijão mostram a união da população, mobilizada para ajudar o próximo

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Grande parte da movimentação de voluntários e arrecadação de donativos foi espontânea
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“Na sexta-feira (25/1), quando foi noticiado que aconteceu o rompimento, não me contive: fui pessoalmente ver o que estava acontecendo. Comprei algumas coisas – água, alimento - e cheguei na escola infantil de Casa Branca”, relata a nutricionista Karina Fernandes da Silva. O sentimento de Karina foi compartilhado por muitos mineiros, pessoas que, ao perceberem que o outro precisava de auxílio, logo se mobilizaram.

A explicação para tais iniciativas são variadas, como proximidade com a região, prática em trabalhos voluntários, convocação de instituições, entre outros. Mas um sentimento todos têm em comum: transformar a realidade da comunidade e, naquele momento, tornar o contexto melhor.

Durante esse período de buscas das vítimas da tragédia em Brumadinho, o que chamou a atenção e comoveu o país foi a dedicação constante dos voluntários. Pessoas comuns doaram o próprio tempo e os recursos que tinham em mãos em prol das famílias atingidas e dos profissionais que atuam no local. “Percebi que o que a pessoa tinha em casa, ela levou para ajudar. Ali, não doamos somente recursos. No fim, éramos uma família. Pessoas jovens, mais velhas, todos juntos para ajudar a realizar as atividades necessárias”, ressalta Karina.

Grande parte da movimentação de voluntários e arrecadação de donativos foi espontânea e aconteceu já nas primeiras horas após o rompimento da barragem. Karina, que já atuou como voluntária em outras situações de emergência, reforça que, em grandes tragédias, nem mesmo as pessoas que lidam com essas situações no dia a dia sabem como agir. Por isso, é necessário acolher a todos.

“A sensibilidade e a empatia têm que ser o ponto-chave. Quando perguntamos à pessoa se ela está com fome, ela diz que não. Mas se você for conversando e perguntar o que ela gostava de comer, o que era acostumada a cozinhar, você pode, com o que tem ali, se aproximar mais dela e, ao invés de oferecer apenas um alimento, oferecer algo que leve conforto. Isso é humanização”, destaca a nutricionista.

Segundo o sociólogo e diretor de Investimento Social do Servas, Rodrigo Fernandes, é a trajetória pessoal que move o voluntário nesse momento. “Quando as pessoas se dispõem a ajudar, elas fazem isso baseadas em experiências vividas anteriormente. Algo ali naquela situação emergencial tem a ver com a trajetória social da pessoa e faz com que ela desenvolva mais a empatia e/ou que tenha a atenção mais voltada à construção social”, pontua.

Para as famílias, observa Fernandes, essa dedicação faz toda a diferença. “Neste momento, o que as pessoas atingidas pelo desastre precisam é de afeto. Portanto, estar junto, doar o tempo e ajudar a reorganizar o espaço são formas de oferecer atenção e leva aos mais sensibilizados conforto e a sensação de não estarem sozinhos. Esse acolhimento é importante para ajudá-los a passar por todo o processo”, afirma Rodrigo.

O trabalho voluntário no local é coordenado pelo Serviço Social Autônomo (Servas). A instituição montou um banco de cadastros para inscrever pessoas que querem ajudar em Brumadinho durante o momento emergencial e no pós. Atualmente, um grupo de voluntários trabalha na triagem e organização das doações. A expectativa é que, em breve, mais inscritos sejam convidados a se juntar às ações. De acordo com a presidente do Servas, Alexia Paiva, as ações são fundamentais. “Temos uma grande preocupação em acolher essas famílias e ajudar a comunidade na sua reconstrução. Por isso, estamos trabalhando em ações de médio e longo prazo”, reforça.

O Servas recebeu mais de 50 toneladas de alimentos vindos de todo o país. Junto à Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec), a instituição está fazendo a triagem das doações e, na sequência, encaminha para entidades acompanhadas pelo Servas e que têm atuação reconhecida em assistência social no estado. Neste momento, os donativos recebidos e os voluntários chamados são suficientes. Caso haja demanda, será anunciada por meio dos canais oficiais - www.servas.org.br, servas_oficial (Instagram) e Servas MG, no Facebook e Twitter. 



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