Saúde realiza força-tarefa em Passos e municípios para evitar epidemia de dengue

Nas últimas quatro semanas, região registrou 3,8 mil casos prováveis da doença; incidência é considerada alta ou muita alta nessas cidades

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Diante da alta incidência de casos de dengue em 17 municípios da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Passos, a Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais (SES-MG) enviou uma equipe com técnicos, motoristas, veículos e equipamentos para fazer a aplicação do inseticida nas áreas afetadas, entre outras ações. O objetivo da iniciativa é reforçar o trabalho de campo das equipes municipais no combate ao mosquito e conscientizar a população sobre cuidados para combater e evitar a dengue.

"A cada três anos, temos um pico de casos de dengue", explica o secretário da SES-MG, Fábio Baccheretti. “Foi assim em 2013, 2016 e 2019 e estamos em 2022. Geralmente, no estado, o aumento ocorre em março e abril. Porém, estamos em maio e tivemos um pequeno crescimento na incidência, mas não acredito que isso vá se prologar em Minas”, contextualiza Baccheretti.

No entanto, todo cuidado é pouco. Para evitar uma epidemia no estado, equipes da secretaria são enviadas para realizar força-tarefa em regiões de mais incidência da doença. As ações envolvem visitas domiciliares para o controle e redução do vetor, além de conscientização e mobilização da população. “Todo mundo sabe como evitar a dengue, em ações como cuidar da limpeza da casa, não deixar água parada, tampar caixas de água”, reforça o gestor.

A SRS Passos também mobilizou prefeitos, gestores de saúde e profissionais de epidemiologia para discutir e alinhar um conjunto de ações para reduzir os riscos de epidemia de dengue na região. O índice de infestação do mosquito é crescente nos municípios, entre eles os de Passos e São Sebastião do Paraíso, que têm as maiores populações da região.

Cenário epidemiológico 

Na área da SRS Passos, formada por 27 municípios, foram registrados mais de 3,8 mil casos prováveis de dengue nas últimas quatro semanas epidemiológicas, com alta ou muita alta incidência em 17 deles. Só em abril, houve 57 internações, das quais oito foram por dengue hemorrágica.

“O cenário epidemiológico atual da dengue na SRS Passos caracteriza-se pela ampla distribuição de casos prováveis nos dois municípios - Passos e São Sebastião do Paraíso -, atingindo incidência muito alta nas últimas quatro semanas epidemiológicas”, avalia a referência técnica em arboviroses e coordenadora adjunta do Comitê Regional de Enfrentamento das Arboviroses (Crea), Patrícia Mendes Costa.

Ainda segundo a coordenadora, apesar dos esforços de prevenção, houve um aumento de registros e procura pelos serviços de saúde. Para a referência técnica, algumas ações são potencialmente capazes de produzir mudanças efetivas no cenário atual, como o controle vetorial, mutirões de limpeza, intensificação das ações de mobilização social, capacitação das equipes de saúde e organização da rede assistencial para que o paciente seja assistido conforme os protocolos estabelecidos pelo Ministério da Saúde, reduzindo assim o agravamento dos casos e a ocorrência de óbitos. 

Ações integradas

O alinhamento de medidas do Governo de Minas e dos municípios passa também pela integração da Vigilância em Saúde e a Atenção Primária à Saúde. Para a superintendente Kátia Gonçalves, o processo de integração requer um planejamento por parte do Crea, e o eixo principal é a ampliação da rede de capacitação e formação dos profissionais. “O resultado é a otimização do tempo das visitas domiciliares, a produção de registros mais completos, atendimento aprimorado e redução da incidência de endemias”, observa.

Diagnóstico e mapeamento genético

De acordo com o boletim epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), até esta quarta-feira (11/5), o estado já contava com 26.191 casos de dengue e 14 óbitos pela doença confirmados. São mais óbitos registrados que em todo o ano de 2021.

O aumento de casos da doença se dá no momento em que foi confirmada, pela primeira vez no Brasil, no município de Aparecida de Goiânia (GO), a presença do genótipo cosmopolita do sorotipo 2 do vírus da dengue. A chegada preocupa pesquisadores, pois há a possibilidade dessa variante se disseminar de forma mais eficiente do que a linhagem asiático-americana, também conhecida como genótipo 3 do sorotipo 2, que atualmente circula no país.

De acordo com Maira Pereira, referência técnica do Laboratório de Arbovírus da Fundação Ezequiel Dias (Funed), desde o final de 2021, a Funed estimula a coleta de amostras para o diagnóstico molecular, na fase aguda da doença, conforme orientação do Ministério da Saúde e da SES-MG, segundo a Nota Informativa Conjunta nº 1839/202.

“Com as diretrizes acordadas, podemos liberar um resultado mais rápido para os pacientes suspeitos. São feitas as análises para detectar dengue, zika, chikungunya e febre amarela em todas as amostras, que são adequadamente conservadas para esses exames, e ainda podemos saber qual é o sorotipo circulante de dengue em Minas Gerais”, explica.

Até o momento, somente em 2022, já foram processadas mais de 2.500 amostras para biologia molecular de arbovírus, que são as doenças causadas por mosquitos. Esse número já é maior do que as amostras processadas em todo o ano de 2021 para esses exames.

Para a referência técnica do Laboratório de Biologia Molecular da Funed, Talita Adelino, com a priorização das amostras na fase aguda, é possível sequenciar as positivas e, dessa forma, realizar a vigilância genômica. “Em Minas Gerais, estamos continuamente fazendo a vigilância genômica das arboviroses (dengue, chikungunya e febre amarela) e, por enquanto, foram detectados apenas genótipos que já circulam há mais tempo”, afirma Talita.

Talita explica ainda que, com o aparecimento desse novo genótipo em Goiás, a Funed vai intensificar a vigilância genômica com o objetivo de identificar possíveis alterações na circulação viral encontrada até o momento. “Os dados genômicos são sempre reportados à SES-MG e ao Ministério da Saúde para a tomada de ações preventivas e estratégicas de saúde pública”, detalha.

Confira os genótipos já identificados em Minas Gerais:

De dengue 1: genótipo cosmopolita, também conhecido como genótipo 5 do sorotipo 1.

De dengue 2: genótipo asiático-americano, também conhecido como genótipo 3 do sorotipo 2.

 



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