Depois do sucesso do projeto piloto Trajeto Moda, realizado em 2021 em Belo Horizonte, e com a participação de mulheres de sete municípios mineiros, a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese) apresentou o programa a outras 37 cidades de Minas Gerais neste ano. Desse total, 34 aceitaram a proposta e iniciaram o desenvolvimento do projeto, que tem como objetivo apoiar mulheres em situação de vulnerabilidade na busca pela autonomia, dignidade e independência financeira, por meio da geração de renda através da moda.  

De acordo com Wanessa Cabidelli, coordenadora do projeto, o piloto realizado na Associação Comunitária da Mulher da Vila Nossa Senhora Aparecida, com dez participantes do Aglomerado da Serra, e mais sete mulheres dos municípios de Almenara, Diamantina, Salinas, Montes Claros, Governador Valadares, Muriaé e Teófilo Otoni gerou ótimos resultados porque várias delas conseguiram se colocar no mercado de trabalho.  

“Foram certificadas 11 mulheres no dia 12/11/2021. Todas buscaram novas trajetórias de vida com os conhecimentos recebidos, como Bárbara Garcia, que foi contratada pela prefeitura de Pedras de Maria da Cruz como responsável pela coordenação local do projeto. Mas todas as outras participantes ou estão empregadas ou gerando renda própria. Elas atingiram o principal objetivo do Trajeto Moda que é sair da situação de vulnerabilidade através de capacitações para serem inseridas no mundo do trabalho”, explicou Wanessa Cabidelli.  

Hoje responsável pelo trabalho em Pedras de Maria da Cruz, Bárbara Garcia relembra o passado difícil e a possibilidade que o projeto encampado pelo governador Romeu Zema lhe propiciou.  

“Meu pai faleceu na porta da minha casa vítima de uma bala perdida, em 2017, e no ano seguinte sobrevivi a uma tentativa de homicídio em pleno Natal. Mesmo com o diploma de psicóloga na mão, veio a depressão e o desemprego. Graças ao Trajeto Moda consegui forças para sair de casa e tive vontade de criar de novo. Hoje sou gestora do programa em Pedras de Maria da Cruz e vejo que esse projeto é fundamental para ajudar outras mulheres”, garantiu ela.  

O projeto  

Trajeto Moda foi elaborado para ser executado em três fases distintas: a de aulas expositivas sobre violações de direitos, leis, empreendedorismo e associativismo; as rodas de conversa e dinâmicas com defensores públicos e profissionais do mercado; e as aulas práticas com máquinas e ferramentas para conclusão do curso de costura.  

O programa ainda contou com o apoio de 30 voluntários do mercado de moda, parcerias de qualificação técnica com o Senac, Defensoria Pública, polícias Militar e Civil, Ministério Público e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que acolheu as participantes do interior na sua moradia estudantil.  

Mas, em 2022, houve uma reformulação do programa para o desenvolvimento estratégico da interiorização do projeto. Desta forma, foram considerados todos os feedbacks das participantes do projeto piloto em Belo Horizonte e de alguns voluntários do mercado da moda.  

“Depois disso, o projeto ganhou um escopo totalmente adaptado para a capacitação das mulheres de diferentes níveis de escolaridade. Atualmente, são cinco etapas com estratégias específicas para que o projeto seja contínuo e autossustentável, sendo promovido numa parceria inédita entre a Sedese, as prefeituras e as empresas privadas do setor da moda”, reforçou Wanessa Cabidelli.  

Para 2022 e 2023 estão previstos os desenvolvimentos das fases de preparação e execução em 16 municípios com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH): Ataléia, Bonito de Minas, Caraí, Crisólita, Catují, Frei Gaspar, Novo Cruzeiro, Ouro Verde de Minas, Coluna, Frei Lagonegro, Rio Vermelho, Felisburgo, Mata Verde, Joaíma, Varzelândia e Rubelita, além de outras 18 cidades: Carlos Chagas, Governador Valadares, Diamantina, Couto Magalhães, Serro, Almenara, Guaraciama, Pedras Maria da Cruz, Capitão Eneas, Monte Azul, Buritizeiro, Francisco Sá, Salinas, Taiobeiras, Igarapé, Uberaba, Ribeirão das Neves e Belo Horizonte.  

Criação  

O Trajeto Moda é uma iniciativa inserida no Programa Percursos Gerais: Trajetória para a Autonomia, destinada a mulheres em situação de vulnerabilidade econômica e social, em especial vítimas de violência doméstica. Surgiu a partir do Mapa Falado, diagnóstico realizado pela Sedese em 16 municípios de baixo Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) da Regional de Teófilo Otoni, onde se registrou muitas situações de violência contra a mulher. Por isso foi necessária uma intervenção visando combate e prevenção.  

A partir desse contexto, o projeto busca promover o reerguimento da autoestima, a autonomia e independência financeira dessas mulheres, e para isso elas participam de uma série de qualificações com foco em empoderamento, liderança, associativismo, modelo de negócios, conhecimento sobre o mercado da moda e identificação de ciclos de violência de gênero. A formação principal é em corte e costura. Essa capacitação possibilita o aprendizado em um ofício em que elas poderão gerar renda futuramente.  

*Este conteúdo foi produzido durante o período de restrição eleitoral e publicado somente após a oficialização do término das eleições.