Presos de Itajubá reformam cadeiras de rodas 

Ação de ressocialização envolve detentos que trabalham em oficinas na própria unidade prisional

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Entrega das 17 cadeiras de rodas para a Apae
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A direção do Presídio de Itajubá, no Sul de Minas, realizou neste mês a entrega de 17 cadeiras de rodas à Associação de Pais e Amigos de Excepcionais (Apae) do município e uma para Paulo Henrique da Silva Ribeiro, 20 anos, que sofre de paralisia cerebral, cuja mãe conhece um dos detentos que cumpre pena no presídio. As 18 cadeiras foram totalmente reformadas por dois presos, responsáveis por uma oficina de serralheira e manutenção especializada neste tipo de trabalho onde, além de reformas, também são fabricadas cadeiras de rodas a partir de bicicletas apreendidas em operações policiais.

Para o diretor de atendimento do presídio, Leandro Rodrigues Palma, não existe melhor caminho para ressocialização do que fazer o preso se sentir útil. “É uma grande alegria ajudar o próximo, e ainda contagiar as pessoas com o desejo de desenvolver atividades solidárias”, comenta.
 

Detento, a mãe do rapaz que recebeu a cadeira, Maria Gorete da Silva, e o diretor de atendimento do Presídio de Itajubá, Leandro Rodrigues (Crédito: Divulgação Ascom/Seap)

A vontade de auxiliar o próximo ajudou a divulgar o trabalho desempenhado por presos de Itajubá. Maria Gorete da Silva, a mãe do Paulo Henrique, ficou sabendo da oficina por um amigo detento, que cumpre pena no regime semiaberto. Quando esse amigo voltava de uma saída temporária, ela o acompanhou até o presídio, onde conheceu o diretor de atendimento da unidade prisional, que se prontificou a receber a cadeira de rodas e encaminhá-la para a oficina para os reparos necessários.

“O trabalho ficou perfeito. A gente nem consegue imaginar que, dentro de um presídio, possam existir pessoas dispostas e capazes de se dedicarem a esta atividade. Estou muito agradecida”, diz Maria Gorete, que já divulgou o trabalho desenvolvido pelos presos. “Uma amiga da Apae ficou entusiasmada quando contei. Ela precisa reformar a cadeira de rodas de um parente e vai procurar a direção do presídio”.

Todas as cadeiras passaram por uma reforma total: troca dos eixos, buchas, estofamento, proteções de cabeça e pintura. Os presos Rogério Donizeti de Morais, 36 anos, e Rodrigo Rosa Tenório, 30 anos, levaram uma semana para concluir o trabalho, pois são cadeiras especiais, feitas de alumínio e dotadas de acolchoamento e suporte para diversas partes do corpo. “Tivemos um cuidado especial com elas, pois são utilizadas por crianças e adolescentes. Foi uma grande emoção participar da entrega”, conta o detento Rogério Donizeti.

Projeto

As atividades da oficina de reforma e montagem de cadeiras de rodas começaram em 2017, após o pedido de ajuda de uma ONG da região. A instituição não especificou que tipo de auxílio precisava, pois as necessidades eram muitas. Foi a direção-geral do presídio que teve a ideia do projeto. De lá pra cá, mais de 200 cadeiras de rodas já foram reformadas ou construídas pelos presos da oficina. Dentre os trabalhos realizados também está a revitalização de brinquedos de praças públicas.



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