Poliomielite: Minas vacina 62,4% das crianças e Saúde alerta para riscos da baixa cobertura

Campanha foi prorrogada e chega ao fim em 30/9; Meta do Ministério da Saúde é que os estados imunizem 95% do público-alvo

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Vacina é gratuita e está disponível nos postos de saúde de todo o país ao longo do ano
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A campanha de vacinação contra a poliomielite foi prorrogada até 30/9 em todo o país. Mas Minas Gerais e todos os outros estados brasileiros ainda não atingiram a meta do Ministério da Saúde, que é a cobertura de 95% das crianças de 1 a 4 anos de idade. Diante do cenário, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) faz um alerta para que os pais e responsáveis pelas crianças as levem até a Unidade de Saúde mais próxima para receberem a vacina.

Nessa quarta-feira (21/9), faltando poucos dias para o fim da campanha, a procura era baixa na Unidade Básica de Saúde (UBS) Celso Diana, que fica no bairro Palmital, em Santa Luzia, na Grande BH. A cabeleireira Glória Maria Emiliana dos Santos Gonçalves, de 27 anos, estava lá para atualizar o cartão da filha Lavínia Emanuele, de 1 ano e dois meses. A pequena se vacinou contra a pólio e recebeu outras doses. “Diante de tantas coisas que acontecem, doenças aparecendo, a vacina protege as crianças e adultos. A imunização contra a pólio é fundamental para não causar problemas no futuro”, comentou a moradora do bairro Palmital.

Glória Maria também propôs uma reflexão aos responsáveis que ainda não levaram as crianças para se vacinar: “Eu acho que antes de qualquer coisa, reflita se vale a pena deixar seu filho sem imunização. Tantas pessoas já morreram em decorrência de febre amarela, pólio, tantas doenças, e as autoridades não conseguem combater justamente porque as crianças não são vacinadas. Os pais precisam tomar consciência disso”.

Unidades de saúde estão preparadas para garantir a imunização (Fábio Marchetto / SES-MG)

Cartão em dia

Do bairro Nova Esperança, Claudineia Pereira Moreira, de 52 anos, chegou à UBS com cinco crianças, duas para receberem a vacina. A da poliomielite foi aplicada na neta Isabela Pietra, de 2 anos. “A vacina é necessária para as crianças não adoecerem, e todas aqui estão com o cartão de vacinação em dia”, contou a dona de casa que, na ocasião, também recebeu uma dose contra a covid-19, dando um exemplo aos netos.


Outra moradora do bairro Palmital, a manicure Érica de Souza, de 38 anos, levou a filha Zara Esther, de 3 anos, para se vacinar contra a pólio ainda em agosto. Ela também fez um apelo aos responsáveis para que não deixem de imunizar os pequenos. “Conhecemos tantos casos de crianças da nossa época que tiveram a doença e ficaram com deficiência. Eu diria aos pais que eles têm que trazer as crianças, arrumar um tempinho ou pedir para alguém. A vacina não faz mal. Minha filha tomou a da pólio e não teve nada, tomou a da covid e não teve nenhum efeito colateral também. Isso é um mito, fake news”, afirma.

Cobertura em Minas

A meta estabelecida pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) é atingir 95% do público-alvo da vacina contra a poliomielite. Desde 2016, esses índices têm caído no Brasil e, exceto em 2018, a cobertura de 95% não tem sido atingida. A situação foi ainda mais agravada com a pandemia da covid-19.

Segundo dados do Ministério da Saúde dessa quarta, o público-alvo em Minas Gerais é composto por 1.045.371 crianças de 1 a menores de 5 anos. Até o momento, foram aplicadas na Campanha de Vacinação contra a Poliomielite 652.275 doses, o que equivale a 62,4% do total.

Vacina protege crianças contra doenças e sequelas (Fábio Marchetto / SES-MG)

Mesmo com a cobertura baixa, Minas ainda é um dos estados com o melhor cenário do país. Os índices no Brasil vão de 79,9% na Paraíba a 19,1% em Roraima.

Risco no Brasil

A poliomielite, pólio ou paralisia infantil é uma doença provocada pelo poliovírus, caracterizada por paralisia súbita e irreversível, geralmente nos membros inferiores. Em casos mais graves, ela pode levar à morte.

Segundo a coordenadora Estadual do Programa de Imunizações de Minas Gerais, Josianne Dias Gusmão, desde 1985 o estado não registra casos da doença por poliovírus selvagem. O último caso no Brasil foi registrado em 1989 e, em 1994, o Brasil recebeu o certificado de área livre de circulação do poliovírus selvagem.

A especialista alerta que “as coberturas vacinais devem ser altas e homogêneas e, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), até que a doença seja erradicada no mundo, existe o risco de um país ou continente ter casos importados e o vírus voltar a circular em seu território”. 

Ela avalia, também, que diante desse cenário preocupante, e aliado às baixas coberturas vacinais contra a poliomielite, e ainda ao surgimento de casos recentes de poliovírus selvagem em Malawi e Moçambique, países não endêmicos para doença e de derivado vacinal em países como Israel, Moçambique e mais recentemente nos Estados Unidos (EUA), faz-se necessário que as coberturas vacinais estejam dentro da meta preconizada pelo Ministério da Saúde.

“O alto risco de reintrodução da doença no Brasil e no estado de Minas Gerais é agravado pelas coberturas vacinais abaixo de 95%. A campanha nacional de vacinação contra a poliomielite vai até o dia 30 de setembro para crianças de 1 a menores de 5 anos. Fica o alerta aos pais ou responsáveis para levar as crianças até os centros de saúde e manterem os cartões de vacina atualizados”, conclui Josianne.

Esquema vacinal

A vacina é gratuita e está disponível nos postos de saúde de todo o país ao longo do ano. O esquema vacinal contra a poliomielite é composto por três doses injetáveis no primeiro ano da criança, aplicadas aos 2, 4 e 6 meses de vida, com intervalo de 60 dias entre as doses.

Depois, aos 15 meses de idade, deve ser administrada a primeira dose de reforço. O segundo reforço deverá acontecer aos 4 anos de idade. Para essas duas doses, é realizada a administração de duas gotas, exclusivamente pela via oral.

Em 14/9, a SES-MG promoveu o Seminário da Vigilância Epidemiológica das Paralisias Flácidas Agudas e da Poliomielite, na Cidade Administrativa, para profissionais das Unidades Regionais de Saúde do estado, como forma de para acompanhar o cenário de vacinação e orientar sobre a vigilância quanto à doença.

Multivacinação

Para a campanha de multivacinação, além da VIP (Vacina Inativada Poliomielite) e da VOP (Vacina Oral Poliomielite), também são disponibilizados os imunizantes Hepatite A e B, Penta (DTP/Hib/Hep B), Pneumocócica 10 valente, VRH (Vacina Rotavírus Humano), Meningocócica C (conjugada), Febre amarela, Tríplice viral (Sarampo, Rubéola, Caxumba), DTP (tríplice bacteriana), Varicela e HPV quadrivalente (Papilomavírus Humano).

Estarão disponíveis para os adolescentes as vacinas HPV, dT (dupla adulto), Febre amarela, Tríplice viral, Hepatite B, dTpa e Meningocócica ACWY (conjugada). Todos os imunizantes que integram o PNI são seguros e aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
 

*Este conteúdo foi produzido durante o período de restrição eleitoral e publicado somente após a oficialização do término das eleições.



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