Pesquisa avalia novas alternativas contra Aedes aegypti e Aedes albopictus

Em parceria, SES-MG, Fiocruz e Ministério da Saúde realizam ação em Pará de Minas, que registra forte presença dos vetores

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A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) está em Pará de Minas, na região Central do estado, para atuação no projeto de Avaliação de Novas Alternativas de Vigilância e Controle de Aedes aegypti e Aedes albopictus. A pesquisa, promovida pelo Ministério da Saúde e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), escolheu o município, da Regional de Saúde de Divinópolis, para, durante 15 meses, estudar os principais vetores para transmissão de doenças como dengue, zika e chikungunya. No período, serão percorridos cinco bairros com aproximadamente 1,5 mil imóveis e 50 quarteirões da cidade.

Crédito: Willian Pacheco

Referência de Controle e Vetores da SES-MG, Dionísio Costa explica que a escolha da cidade se deu pela forte presença do vetor, pelas epidemias detectadas e também pelo fato de Pará de Minas ter passado, em 2016 e 2017, por problemas ambientais, como escassez de água. Esta última ocorrência, inclusive, levou os moradores a armazenarem água de forma inadequada. Além disso, a cidade também viveu o impacto dos resíduos da barragem de Brumadinho, neste ano, que atingiu o Rio Paraopeba, referência para captação de água no município.

“O estudo pretende avaliar a efetividade destas ferramentas sobre populações de mosquitos Aedes em condições de campo, para dar subsídios ao Programa Nacional de Controle de patógenos transmitidos pelo Aedes”, destaca. A ideia é que a pesquisa contribua significativamente para melhorar as ações de controle e seus resultados.  “Se exitosas, poderão ser implementadas em outras localidades do país”, detalha Costa.

Novas tecnologias

O trabalho vai analisar a eficácia do controle de Aedes aegypti e Aedes albopictus com o Sistema Aero System, que elimina mosquitos presentes dentro das residências, por meio da utilização de um inseticida de aplicação rápida, em pequenas doses, nos cômodos. Como metodologia de indicação de risco e monitoramento de resultados em Pará de Minas, a técnica combina o uso de ovitrampas (destinada à coleta de ovos do mosquito Aedes) e armadilhas chamadas BG GAT. Esta última é uma ferramenta passiva para captura em massa das fêmeas grávidas.

A pesquisadora e presidente da Rede Latino-americana de Controle de Vetores (Relcov), Ima Aparecida Braga, explica que estas armadilhas serão utilizadas para verificar se a área analisada apresentará maior ou menor densidade do vetor. Esta informação contribui para otimizar e tornar mais eficaz o controle do mosquito. “A ideia é verificar se o aero system está matando o mosquito fêmea e avaliar a queda da transmissão”, ressalta a pesquisadora.

A pesquisa vai estudar o efeito das novas ferramentas integradas aos produtos químicos ou naturais. São exemplos: larvicida de ação prolongada Sumilarv 2MR, utilizado para mosquitos com reprodução em água depositada em recipientes, como ocorre com o Aedes, associado ao Bacillus thuringiensis israelensis (Bti), grupo de bactérias que produzem toxinas que são efetivas em matar várias espécies de mosquitos; ou a dispersora com o Pyriproxyfen, hormônio juvenil que inibe o desenvolvimento das características adultas do inseto, diretamente no campo.

Na dispersora, explica o pesquisador da Fiocruz, José Bento Lima, o próprio mosquito pousa na armadilha e leva o inseticida para outros criadouros, principalmente aqueles de difícil acesso. Consequentemente, espera-se diminuir a transmissão de dengue, zika e chikungunya.

A equipe de Saúde do município reforça que, para que a pesquisa alcance os resultados pretendidos, a população deve contribuir. “Peço à população que aceite estas armadilhas e recepcionem bem os agentes”, pontua o gerente de Endemias de Pará de Minas, Adailton Antônio Moreira. “Esperamos trazer um resultado digno e satisfatório à população”, afirma o secretário municipal de Saúde, Wagner Magesty.

A dona de casa, Helena Nere Pimenta, moradora do bairro Jardim das Palmeiras 2, foi a primeira a receber a armadilha BG GAT no município. Na visita, o supervisor da área explicou o objetivo da armadilha e das visitas de monitoramento. “Achei ótimo. Temos que prevenir e cuidar para evitar o mosquito”, enfatiza a moradora.



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