Minas Gerais exporta assistência técnica e tecnologias para desenvolver produção de algodão no Zimbábue

Iniciativa faz parte de missão de cooperação entre o Brasil e o país africano

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Emater-MG / Divulgação

Assistência técnica e tecnologias mineiras estão sendo exportadas para o Zimbábue, na África, para desenvolver a produção de algodão do país, especialmente de agricultores de pequeno porte. O intercâmbio de conhecimentos é parte da Missão de Cooperação entre Brasil e Zimbábue, coordenada pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC).

A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de MG (Emater-MG), assim como a Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado (Epamig), vinculadas à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), participam da missão, que se iniciou em 2018. Representantes das duas empresas estaduais já estiveram no Zimbábue para uma visita técnica e diagnóstico da cultura por lá e, entre os dias 6 e 17 de março, uma comitiva do país africano, composta por técnicos, pesquisadores, representantes do governo e agricultores locais está de passagem pelo Brasil. Em Minas Gerais, visitam áreas de plantio de algodão, especialmente no Norte de Minas, caracterizada por ser desenvolvida por agricultores familiares e ter tido uma importante retomada da produção nos últimos anos. Eles encerram a viagem em Uberlândia, sede da Associação Mineira dos Produtores de Algodão (Amipa).

No início desta semana, a comitiva do Zimbábue foi recebida na sede da Emater-MG, em Belo Horizonte, acompanhada pela representante do consulado do Zimbábue no Brasil, Rutendo Faith Sagwerte. Ela ressaltou que esta parceria entre o Brasil e o país africano é uma forma de melhorar a vida da população daquele país, com ações tangíveis.

“É uma forma de traduzir uma relação bilateral muito forte entre os países, em desenvolvimento socioeconômico em ambos os países. Mas o Zimbábue está muito grato por essa ajuda que o Brasil oferece, para mostrar aos pequenos produtores no Zimbábue sobre como melhorar a produtividade. Nós também discutimos a importância de expandir o trabalho que tem sido feito no setor do algodão também para outras áreas, como a pecuária e recuperação de pastagens”, disse. Sagwete. Ela ainda ressaltou que o Zimbábue se sente “em dívida” com o Brasil por ter escolhido ajudar ao país especificamente, em todo o continente africano.

A Missão de Cooperação está investindo um total de US$ 1,2 milhão no Zimbábue. Os recursos já foram aplicados na instalação de duas Unidades Técnicas Demonstrativas (UTD) no Centro de Pesquisa do Algodão, na cidade de Kadoma, onde estão sendo testadas a adaptabilidade de variedades de algodão, tanto brasileiras quanto do Zimbábue; outra UTD em Gokwe, num Centro Comunitário. O projeto prevê ainda a compra de equipamentos, insumos para o Zimbábue, além de treinamentos e visitas técnicas. A analista de projetos da ABC, Mellissa Popoff Scheidemantel, que coordena a missão, reforça que há sempre um intercâmbio de conhecimentos entre as duas partes. “É uma via de mão dupla e é sempre um aprendizado mútuo”, afirma.

A Emater-MG participa do projeto desde o início, comenta o coordenador de culturas da empresa, Sérgio Brás Regina. Segundo ele, a produtividade do algodão no Zimbábue ainda é muito baixa, em torno de 600 quilos por hectare de algodão. “Acreditamos que com o pouco que fizemos de intervenção, do ponto de vista tecnológico, de boas práticas de plantio e condução da lavoura, daremos condições para, pelo menos, duplicar essa produtividade em pouco tempo. E estamos atentos para uma produtividade com custo bom, benéfico aos produtores e com respeito também ao meio ambiente”, enfatiza.

De acordo com Regina, Minas Gerais tem uma cotonicultura bastante avançada, empresarial, que colhe mais de 200 arrobas por hectares, além da retomada da cotonicultura familiar, em regiões como o Vale do Jequitinhonha e Norte de Minas. Conforme o coordenador, esse retorno da produção de algodão por agricultores de menor porte foi possível graças à pesquisa e à assistência técnica, que permitiram ao estado conseguir conviver com a praga do bicudo, a maior praga do algodoeiro no mundo. Ele ainda lembra que Brasil e Zimbábue têm muitas semelhanças em relação ao clima e um número expressivo de produtores de algodão de pequeno porte. “O que a gente busca com esse projeto, enquanto Emater, é mudar a vida das pessoas, das famílias que vivem dessa cultura”, finaliza.

Tracey Maposa é agricultora familiar do Zimbábue e participa da comitiva aqui no Brasil. Ela conta que é uma mulher viúva e que está se saindo muito bem com a produção de algodão, melhor do que a média dos agricultores. Além do algodão, Maposa ainda produz aves, para complementar a renda. “Estou muito contente de estar no Brasil, isso tem viabilizado meu trabalho com a produção de algodão. Sou muito grata ao governo do Zimbábue por ter me escolhido e ao Brasil também”, complementa.



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