Iniciação científica para alunos da rede estadual

Série conta a história de jovens que ingressaram ou que se preparam para entrar no ensino superior

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Jovens da rede estadual de ensino têm conseguido ingressar na faculdade graças ao Programa de Iniciação Científica da Secretaria de Estado de Educação (SEE). O trabalho consiste em realizar projetos de pesquisa, priorizando um aprendizado diferente do ministrado dentro das salas de aula. Com isso, os jovens vão à procura de conhecimento, ampliam seus horizontes, pensamentos e desenvolvimento, tanto acadêmico quanto profissional.
 

Crédito: Divulgação/SEE

Foi o que aconteceu com Leila Cristina Ferreira Dias, de 17 anos – atualmente aluna do curso de Biomedicina, na Universidade Estácio de Sá, em BH – integrante de um grupo de 12 alunos da Escola Estadual Professor Zoroastro Vianna Passos, de Sabará, que desenvolveu projeto nos Núcleos de Pesquisas e Estudos Africanos, Afrobrasileiros e da Diáspora (Ubuntu/Nupeaas), vinculado à SEE. O tema do projeto foi “Empoderamento de Alunos Negros para o Mercado de Trabalho”.

O trabalho final chegou a ser apresentado via Skype em um congresso internacional em Portugal e mereceu a atenção do rei da cidade nigeriana de Ifé, Oba Adeyeye Enitan Ogunwusi, que foi a Sabará, no ano passado, conhecer o projeto de iniciação científica feito pelos alunos, coordenado pelo professor orientador Helder Junio de Souza.

Leila conta que o projeto abriu seus olhos. “Além de nos motivar a buscar o nosso lado de pesquisadores, o projeto me despertou para vários aspectos da minha vida. Hoje estou na faculdade, mas já penso em ter cargos relacionados a pesquisa e desenvolvimento na área da ciência, da biomedicina”, afirma a estudante, primeira de sua família a ingressar no ensino superior.

Tema da pesquisa

O tema do projeto do Nupeaas do qual Leila fez parte foi decidido depois de os alunos assistirem a um vídeo sobre racismo institucional. Eles constataram que há grandes diferenças entre negros e brancos no mercado de trabalho, principalmente no que se refere a cargos de destaque. A partir daí foi desenvolvido o tema da pesquisa, com o objetivo de descobrir maneiras de potencializar, cada vez mais, os jovens negros para que eles se tornem profissionais bem-sucedidos.

O professor Helder Junio de Souza explica que um questionário com os alunos apontou que, apesar de terem interesse, muitos estudantes não tinham por objetivo cursar uma graduação. “Ao longo do projeto, visitamos algumas instituições de ensino superior. A maioria dos alunos nunca tinha sequer se aproximado de uma. Ouvi de muitos deles ‘quero fazer meu futuro aqui’. Isso foi crescendo até eles perceberem que podiam fazer parte desse universo acadêmico, antes totalmente desconhecido e tido para muitos como inalcançável”, afirma o professor.

A superintendente de Temáticas Especiais da SEE, Iara Viana, também analisa o cenário. “Era como se esses dois campos educacionais não conversassem entre si. Quando conseguimos, com o Nupeaas, aproximar a iniciação científica dos nossos alunos, das práticas pedagógicas em si, percebemos como tanto os estudantes quanto os professores se apropriaram da proposta. Temos hoje um resultado brilhante com aprovações nos vestibulares e no Enem”, destaca a superintendente.

Territórios de Iniciação Científica

Além do Nupeaas, os alunos da rede estadual têm a oportunidade de se aproximar da iniciação científica por meio do eixo Territórios de Iniciação Científica (TICs), que dá oportunidade aos estudantes e professores de identificar problemas, da escola ou da comunidade, e construir coletivamente soluções para resolvê-los ou minimizá-los por meio de Coletivos de Pesquisa nas escolas.

Os projetos são distribuídos nas áreas de conhecimento Ciências da Natureza e suas Tecnologias; Matemática e suas Tecnologias; Ciências Humanas e suas Tecnologias e Linguagens e Códigos e suas Tecnologias. Os coletivos de pesquisa são compostos por grupos de sete a 12 estudantes e um professor orientador, que recebe concessão de extensão de carga horária para que desenvolva os projetos. Os educadores da rede que orientam as pesquisas são acompanhados por professores-tutores de instituições de ensino superior, viabilizados por meio de apoio do Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), parceiro do projeto.



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