IMA intensifica monitoramento de cancro cítrico nos pomares do estado

Prevenção e controle fazem parte de plano para evitar a disseminação da praga em grandes regiões produtoras de citros

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IMA / Divulgação

O Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) intensificou o monitoramento do cancro cítrico nos pomares do estado com ações de vigilância sanitária. Em parceria com elos da cadeia produtiva de citros, o propósito é fomentar diálogo e decisões, com um plano estratégico e preventivo em torno de quem produz, beneficia e distribui os frutos de citros e mudas. Evitar que a praga chegue a importantes regiões produtoras de citros é o maior objetivo.

De acordo com o fiscal do IMA, engenheiro agrônomo Leonardo do Carmo, esse trabalho não pode ser isolado e deve acontecer de forma integrada com entidades e associações. “Estaremos juntos ao Fórum Nacional de Executores de Sanidade Agropecuária (Fonesa) para tentar estabelecer ações em conjunto, fortalecer a defesa sanitária vegetal e o setor citrícola no estado”, anuncia.

O cancro cítrico é uma praga que afeta espécies e variedades de frutas cítricas de importância comercial. Com origem na Ásia, onde ocorre de forma endêmica nos países produtores, foi constatado pela primeira vez no Brasil em 1957.

O IMA controla a doença nas plantações do estado e verificou, em março deste ano, a presença da praga em mudas na região da Zona da Mata. Desde então, estão sendo feitos levantamentos fitossanitários em municípios limítrofes a focos e produtores de mudas cítricas. De lá para cá, foram erradicadas cerca de 1 milhão de mudas.

“É importante o conhecimento da presença desta doença nos municípios produtores. Os citricultores (produtores de laranja, limão, tangerina, mexerica e limas) devem sempre adquirir mudas providas de documento sanitário de trânsito, reduzindo, assim, o risco da praga em seus pomares”, alerta.

Forças-tarefas e blitzes

Forças-tarefas e blitzes nas regiões produtoras de mudas estão sendo realizadas desde que a ocorrência em Minas Gerais foi notificada.

No estado, cerca de 390 vistorias já foram feitas, sendo 30 viveiros interditados em 74 municípios de todas as regiões. A vigilância é permanente.

Leonardo do Carmo explica a importância da inspeção constante nas propriedades. “Funciona como um mecanismo de controle. Outro mecanismo eficiente é o controle da entrada e saída de pessoas e de veículos na propriedade. É necessário monitorar de onde estão vindo, se os veículos estão limpos, se as caixarias e ferramentas estão desinfestadas. É também importante estudar a possibilidade de implementar rodolúvio na entrada das fazendas para desinfestar os veículos. Isso tudo porque a defesa sanitária começa dentro da propriedade”, reforça.

Mitigação de risco

A mitigação de risco é uma outra medida adotada para convivência com as bactérias, reduzindo ao máximo a possibilidade de disseminação para outras áreas e regiões. “É um procedimento de controle da praga que evita ferimentos nos frutos e controla o inseto causador de galerias nas folhas de citros”, explica.

Os impactos do cancro cítrico estão relacionados à depreciação da qualidade da produção pela presença de lesões e queda prematura dos frutos, além da restrição do comércio para áreas livres da doença. O IMA realiza os levantamentos sanitários em todo o estado com a finalidade de detecção do cancro cítrico nos pomares, fiscalizando o processo de certificação fitossanitária de origem executado por profissionais autônomos.

“O trabalho do profissional autônomo para certificação fitossanitária é de grande importância, como também os levantamentos fitossanitários para inspeções de pomares de citros realizados pelos fiscais do IMA. Quanto mais rápida a detecção, maiores são as chances de alcançarmos sucesso na erradicação dos focos, evitando a disseminação da praga para outras propriedades da região. Ao verificarem sinais de cancro cítrico, os produtores devem comunicar imediatamente ao IMA”.

Estratégias de controle

As estratégias de controle do cancro cítrico dependem do status fitossanitário da praga na área de ocorrência. O controle parte do monitoramento dos pomares pelos engenheiros agrônomos treinados pelo IMA, que vistoriam as áreas para detecção de sintomas nos frutos. “Os profissionais nos comunicam imediatamente a situação para que as coletas de amostras sejam realizadas e medidas de eliminação dos focos estabelecidas. Já o controle para o convívio com a praga é adotado pelo produtor, conforme recomendação do engenheiro agrônomo. Entre as medidas estão a utilização de quebra-vento e a higienização de caixarias e ferramentas”, detalha.

Considerando a dinâmica de mercado in natura de citros e o risco associado às pragas que ocorrem na cultura e que podem surgir durante a comercialização, o IMA verifica o trânsito destes produtos. Nesse sentido, são realizados treinamentos periódicos junto aos servidores e profissionais autônomos.

“O IMA promove treinamentos sistemáticos de profissionais, para entendimento e atualização das ações sobre pragas regulamentadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).  Em outubro deste ano, está previsto treinamento específico para pragas regulamentadas para citros, cancro cítrico, HLB (Greening) e pinta-preta”, convida.

Focos e sintomas

Deste março deste ano foram detectados, em Minas Gerais, focos nos municípios de Dona Euzébia, Astolfo Dutra e Teófilo Otoni. Ações intensivas estão sendo realizadas para erradicação de todas as plantas cítricas em propriedades com a presença do cancro cítrico. Esses municípios são grandes produtores de mudas cítricas, portanto, segundo o engenheiro agrônomo, a vigilância será constante por um longo período.

“Os sintomas aparecem em folhas de frutos cítricos de duas a cinco semanas após a infecção, com amarelecimento ao redor, desenvolvendo para pústulas de coloração marrom clara. Primeiramente, essa alteração é observada apenas na face inferior da folha e, depois, tornam-se salientes nos dois lados. Com o desenvolvimento da doença, é mais comum os sintomas aparecerem na face voltada ao exterior da copa. A área afetada aumenta e as lesões podem apresentar anéis circulares e rachaduras. As lesões de cancro cítrico não afetam diretamente a polpa do fruto”, esclarece.

*Este conteúdo foi produzido durante o período de restrição eleitoral e publicado somente após a oficialização do término das eleições.



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