O Instituto Estadual de Florestas (IEF) participa nesta semana do 2º Seminário Carste – Diálogos entre os diversos patrimônios, em Pedro Leopoldo, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). O objetivo do evento - realizado pela CSN Cimentos em parceria com o ICMBio - é conscientizar a população sobre a importância do patrimônio na Área de Proteção Ambiental (APA) Carste da Unidade de Conservação Lagoa Santa.

O Carste de Lagoa Santa é uma formação geológica e geomorfológica com rochas sedimentares como calcário e dolomito. As feições superficiais apresentam paredões calcários lineares, maciços rochosos aflorantes ou parcialmente encobertos, lagos associados às dolinas ou em planícies rebaixadas, e canais subterrâneos e sumidouros. A paisagem é composta de formações remanescentes do cerrado (campos limpos, campos sujos e cerrado stricto) e de mata atlântica (floresta estacional semidecidual). Na flora, as espécies mais encontradas são ipê amarelo, bromélia do cerrado, gonçaleiro, pindaíba-vermelha, peroba-rosa, macaúba, coco-de-quaresma, araticum e mandiocão.

Ao longo da semana, foram promovidos painéis de discussão e apresentações de renomados especialistas com suas perspectivas sobre as riquezas ambientais e arqueológicas da região, além de atividades que impulsionam diferentes maneiras de preservar os tesouros locais.

Na terça-feira (3/10), o arqueólogo e analista ambiental do IEF, Leandro Vieira da Silva, ministrou a palestra "Luzia e os antigos caçadores-coletores da região de Lagoa Santa". A apresentação tratou da importância de Luzia e dos antigos caçadores-coletores da região de Pedro Leopoldo e de Lagoa Santa para a problemática do povoamento das Américas.

"A questão da chegada de seres humanos em nosso continente sempre despertou um particular interesse e exerce um inegável fascínio no grande público, não só hoje em dia, mas desde que os europeus chegaram aqui no final do século 15. O modelo explicativo conservador, ainda vigente em alguns círculos acadêmicos, chamado de 'Clovis First', está cada vez mais sendo questionado por inúmeros achados que vêm ocorrendo nas últimas décadas. E os registros arqueológicos recuperados no Carste da região permitem apresentar novos dados em relação à aspectos como a cronologia, a genética e a alimentação", explica.

Ele ressalta ainda que a palestra teve como objetivo mostrar ao jovem público da cidade de Pedro Leopoldo a importância desse patrimônio, que revela não apenas a pré-história do município, de Minas Gerais ou do Brasil, mas o próprio passado da humanidade. "Foram apresentados ainda alguns resultados da minha dissertação em relação à manipulação de vegetais pelos antigos lagoassantenses e a importância de Unidades de Conservação do IEF para a conservação desse patrimônio, como o Parque Estadual de Cerca Grande, o Parque Estadual do Sumidouro e o Monumento Natural Estadual da Lapa Vermelha, onde Luzia foi achada", destacou.

Arqueologia e espeleologia

Na quarta-feira (4/10), a gerente do Monumento Natural Estadual Gruta Rei do Mato, Maria Honorina Pereira Rocha, fez uma apresentação ressaltando os aspectos da arqueologia e espeleologia na gruta.

Ela destaca que a Gruta Rei do Mato desempenha um papel fundamental no contexto do Carste. "Os projetos de estudo na área de Arqueologia e o projeto Circuito dos Pássaros Livres são exemplos de iniciativas que visam a preservação desse patrimônio natural. A participação no seminário foi uma oportunidade de compartilhar conhecimentos e fortalecer a conscientização sobre a importância do monumento. É fundamental que continuemos a valorizar e proteger esse tesouro natural, garantindo sua preservação para as futuras gerações", disse.

Educação ambiental

Nesta quinta-feira (4/10), a gerente dos Monumentos Naturais Estaduais de Mocambeiro e Núcleo de Biodiversidade Centro-Norte do IEF, Isabella Carneiro, fez uma apresentação sobre a premissa de que o patrimônio cultural, histórico e social estão diretamente ligados ao patrimônio natural e físico do território.

"Apresentei alguns projetos de educação sócio ambiental desenvolvidos não só nas Unidades de Conservação gerenciadas, bem como ações, projetos e articulações feitas entre diversos atores que compartilham desse território físico e histórico e que, portanto, agregam ao patrimônio do Carste. Nessa linha, acredita-se ser possível promover fortalecimento e preservação das riquezas locais, contando com a união e o sentimento de pertencimento de seus moradores", pontuou.