Hospital Eduardo de Menezes consolida vocação com respostas rápidas às demandas epidemiológicas

Unidade foi a primeira do estado a dedicar 100% de seus leitos para casos de covid-19 e já recebeu 21 pacientes confirmados ou com suspeita de monkeypox

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Em 21 de janeiro de 2020, o Hospital Eduardo de Menezes (HEM), da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), recebeu o primeiro paciente suspeito de infecção pelo novo coronavírus no Brasil. Na ocasião, o mundo ainda começava a entender a evolução e disseminação da doença que, em poucos meses, avançaria por outros continentes. Referência estadual no manejo de doenças infectocontagiosas e com expertise em epidemias como a de influenza A (H1N1), dengue e febre amarela, a unidade já começou a se preparar para o que viria.

A diretora do HEM, Virgínia Antunes de Andrade, explica que, inicialmente, foi utilizado o fluxo de atendimento de ebola para lidar com os primeiros casos suspeitos. “Apesar de recebermos muitos pacientes com necessidade de leitos isolados, até então não tínhamos uma capacidade de isolamento padrão ouro. Ainda estávamos começando a pensar a pandemia”, diz.

A partir desse primeiro caso, a unidade começou a se organizar internamente para dimensionar sua capacidade, de acordo com a evolução da pandemia, e potencializar a assistência para sua atuação referenciada em Minas Gerais. Segundo Virgínia, por conta da Copa do Mundo e das Olimpíadas no Brasil, em 2014 e 2016, o hospital foi referência em catástrofes biológicas. Parte da equipe passou por treinamento e adquiriu uma experiência relevante.

Em março de 2020, o HEM tornou-se o primeiro hospital de Minas Gerais a destinar 100% de seus leitos de enfermaria e de terapia intensiva para o atendimento aos pacientes com suspeita ou confirmação de infecção pelo novo coronavírus. A ação integrou o Plano de Capacidade Plena Hospitalar (PCPH) da Fhemig, que apresenta as fases de resposta hospitalar frente à pandemia, à medida que avançam os casos da doença.

Renato Cobucci

De janeiro de 2020 a agosto deste ano, o Hospital Eduardo de Menezes recebeu 5.708 pacientes suspeitos, dos quais 2.877 foram confirmados para a doença. “Além dos casos da capital, recebemos pacientes de outras regiões mais afetadas do estado, como da cidade de Coromandel, onde também treinamos equipes de saúde, repassando nosso fluxo de atendimento e os protocolos clínicos. Desde a epidemia de febre amarela, adotamos essa conduta de receber os casos mais graves e capacitar equipes locais para fazer o matriciamento”, afirma a diretora do HEM.

A unidade permanece empenhada na resposta à covid-19, conforme pactuação estabelecida com gestores locais, reiterando o compromisso de ser a última unidade a desmobilizar-se para esse atendimento. “A demanda por internação vem reduzindo de maneira progressiva, visivelmente impactada pela ampla e reiterada vacinação da população. No momento temos 30 leitos de enfermaria e quatro de terapia intensiva dedicados à covid-19”, pontua a gerente assistencial do HEM, Tatiani Fereguetti.

Monkeypox

Assim que foram noticiados os primeiros casos de monkeypox no Brasil - antes mesmo do primeiro paciente recebido pelo HEM, em 5/5 - foi elaborado protocolo institucional e plano de capacidade para atendimento. Também houve treinamento de servidores assistenciais, definição de fluxos internos e publicação do “Informativo Monkeypox” na unidade, hoje já em sua quarta edição.

“Certamente, a pandemia de covid-19 consolidou nossa vocação institucional e as práticas relacionadas à resposta rápida aos eventos de importância epidemiológica. O fluxo para atendimento de casos suspeitos e confirmados de monkeypox no HEM antecede, inclusive, o protocolo da Fhemig, que foi elaborado com a nossa participação”, afirma Tatiani.

Pioneiro no estado, o protocolo da Fhemig foi formulado para subsidiar as 19 unidades assistenciais da rede com informações necessárias para a assistência segura ao paciente suspeito e/ou confirmado para monkeypox.

O hospital recebe casos por meio de regulação. No serviço estão estabelecidos fluxos para atendimento adequado, vislumbrando a segurança dos pacientes e dos profissionais envolvidos no atendimento. “A maior parte dos casos brasileiros tem sido acompanhada ambulatorialmente. Alguns acabam demandando internação devido à repercussão clínica mais exuberante, doenças de base que configuram risco de pior evolução ou por necessidade de isolamento, quando não é possível fazê-lo de maneira adequada no domicílio”, explica a gerente assistencial do HEM.

Até agosto deste ano foram atendidos 21 pacientes com suspeita de monkeypox no HEM. Desses, oito confirmaram o diagnóstico.

Aperfeiçoamento profissional

Para a médica infectologista do Hospital Eduardo de Menezes, Silvia Hees, os trabalhadores da unidade estão sempre prontos para novos desafios e em contínua atualização. “Há um movimento constante para aquisição de conhecimentos, participação em congressos, reuniões clínicas e grupos de discussão de toda equipe assistencial: médicos, enfermagem, fisioterapeutas, assistentes sociais. Todos, sem exceção, são extremamente comprometidos e envolvidos. Desde o primeiro caso de Aids, nos anos de 1980, os profissionais vêm se deparando com novas situações instigantes. Enfrentamos a pandemia de influenza, a epidemia de febre amarela, estivemos na linha de frente em Brumadinho, mesmo não havendo relação com a nosologia do hospital e, atualmente, nos deparamos com a pandemia de covid-19, momento de muita angústia e sofrimento. Antes que pudéssemos respirar um pouco mais aliviados, veio o sobressalto da monkeypox, nos dando a impressão de que não iremos parar de nos surpreender”, afirma.

Atendimento de excelência

Além da expertise técnica de toda equipe do HEM, a conduta humanizada é destaque na assistência prestada aos usuários. Maria Luíza da Silva, de 50 anos, esteve internada com quadro de erisipela bacteriana e suspeita de monkeypox e relata sua experiência na unidade com muita gratidão aos profissionais envolvidos em seu atendimento.

“Cheguei transferida de outro hospital, muito assustada e estressada. Fiquei internada no Eduardo de Menezes de 31/7 a 10/8 e fui muito bem acolhida pela equipe, que esclareceu tudo a respeito do tratamento e da necessidade de permanecer em isolamento temporário. A conduta de todos os servidores com quem tive contato foi muito profissional, porém de forma humanizada”, relata. “Fui muito bem cuidada pelos médicos, enfermagem e assistentes sociais. As equipes de limpeza e de rouparia com os devidos cuidados de higiene e proteção, além de muito respeitosos e educados. Todas as refeições diárias muito bem preparadas… preocuparam-se não só com o meu bem-estar físico, mas também com o psicológico e o emocional”, completa Maria Luíza.

“Hoje, faço as melhores recomendações da equipe que esteve comigo no Hospital Eduardo de Menezes. A sociedade tem um preconceito forte e estigma errôneo em relação às doenças infectocontagiosas. Minha visão mudou completamente depois dessa experiência”, conclui a ex-paciente.

*Este conteúdo foi produzido durante o período de restrição eleitoral e publicado somente após a oficialização do término das eleições.



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