Governo e sociedade civil dão a largada para criação da Rota de Descarbonização de Minas Gerais

Workshop discutiu caminhos para tornar a economia mineira mais verde

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Minas Gerais deu mais um importante passo rumo à descarbonização de sua economia. Representantes dos principais setores produtivos do estado, do poder público e de organizações do Terceiro Setor se reuniram em um workshop nesta quarta-feira (15/2), no Auditório do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), em Belo Horizonte, para debater a criação da Rota da Descarbonização de Minas Gerais. 

O programa busca definir ações, políticas e regulações que irão fomentar os investimentos necessários para tornar a economia mineira mais limpa e ambientalmente sustentável.

Minas foi o primeiro estado da América Latina e Caribe a aderir à campanha mundial “Race to Zero”, que prevê reduzir e neutralizar as emissões de gases de efeito estufa (GEE) em todo o mundo até o ano de 2050. O governador Romeu Zema, que assinou o compromisso em 2021, abriu o evento destacando que as economias precisam se tornar mais verdes para serem mais competitivas na atualidade.  

“Temos plena ciência de que o mundo está mudando. Só vamos conseguir acesso a mercados externos e exportar nossos produtos se provarmos que aquilo que é produzido aqui é feito com responsabilidade ambiental. Quem não se adequar vai ficar de fora. E estamos avançando muito aqui em Minas, com apoio do setor privado. Fomos o primeiro estado da América Latina e do Caribe a assinar o compromisso Race To Zero. Com toda certeza, estamos no caminho certo”, disse o governador. 

Ações 

Secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Fernando Passalio reforçou que a adesão ao Race to Zero é mais uma das diversas e efetivas ações que o Governo de Minas vem desenvolvendo para tornar Minas referência para todo país no que tange à sustentabilidade, economia limpa e cuidado com o meio ambiente. 

“Estamos vendo que é plenamente possível avançarmos em uma pauta de geração de emprego, de renda e de prosperidade dentro do conceito de economia verde. E Minas Gerais é um ponto fora da curva. Dos R$ 274 bilhões atraídos nos últimos quatro anos, quase R$ 60 bilhões foram em energia solar fotovoltaica. Também temos a maior extensão de florestas plantadas do país. Hoje, damos mais um grande passo para colocar Minas na direção da neutralização das emissões no futuro”, disse Passalio.

Secretária de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), Marília Melo destacou o pioneirismo mineiro de aderir, em 2021, à campanha global Race To Zero, que prevê reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) em todo o mundo até o ano de 2050. Minas é o primeiro estado da América Latina e Caribe a assumir esse compromisso.

“Quando o Governo de Minas aceitou esse desafio, sinalizou o tom da política ambiental que teríamos aqui. A partir disso, são parcerias firmadas, como a feita com o governo do Reino Unido, e a retomada da política da mudança climática que antes não existia”, disse Marília, acrescentando que a agenda climática é uma adaptação e uma mitigação dos efeitos do clima na vida da população.

Recepção do setor produtivo

A criação da rota foi muito bem recebida pelo setor produtivo e por empresas interessadas cada vez mais em desenvolver seus negócios na pauta Ambiental, Social e Governança (ESG) ou que apostam em oportunidades de negócios com produtos verdes. 

Itamar Resende, presidente da Boston Metal do Brasil, conta que a empresa nascida nos Estados Unidos com o objetivo de produzir aço sustentável vai se instalar em breve no município de Coronel Xavier Chaves, no Campo das Vertentes, em Minas. Ele destacou que Minas Gerais sai na frente dos outros estados brasileiros ao propor a Rota de Descarbonização. 

“É um caminho sem volta. O mundo inteiro está preocupado com as mudanças climáticas. Minas Gerais sai à frente propondo essa iniciativa. É um passo extremamente arrojado, mas responsável, pois tende a trazer benefícios ambientais e também vantagens competitivas para a economia mineira no mercado global, que está demandando cada vez mais produtos verdes”, disse o executivo. 

O evento também recebeu representantes do agronegócio. A diretora da Cooperativa dos Granjeiros do Oeste de Minas (Cogran), Juliana Lemos, conta que já há produtores que geram e consomem biogás em suas fazendas, mas que precisam de auxílio para ampliar projetos e, quem sabe, potencializar os negócios.

“Alguns cooperados já são inclusive autossustentáveis na produção de energia elétrica, mas muitos precisam ainda de mais informações, de apoio e de bons projetos para alavancar seus negócios. Esperamos que a rota ajude nisso. Só temos que parabenizar o governador Romeu Zema e a Invest Minas por essa iniciativa”, afirma. 

Diretora-executiva do Instituto E+ Energy Transition, sediado no Rio de Janeiro, Rosana Santos destacou que a descarbonização só acontece com o envolvimento de vários setores da sociedade, e que a iniciativa de Minas pode ser tornar um modelo para todo o Brasil. 

“A vantagem desse plano mineiro é justamente pensar no processo de forma integrada. E Minas Gerais é o retrato fiel do Brasil, na economia, no meio ambiente, na riqueza dos recursos disponíveis. Se conseguirmos sucesso em uma iniciativa dessa magnitude em Minas, vamos estar mais próximos de atingir sucesso também no Brasil”, considera. 

Investimento em sustentabilidade

Minas Gerais já vem atraindo cada vez mais investimentos em sustentabilidade nos últimos anos. Hoje, o estado é o maior produtor de energia fotovoltaica do Brasil, com mais de 4GW de capacidade instalada, somando as modalidades de geração centralizada e geração distribuída. O estado também alcançou a marca de 99,5% da energia produzida vinda de fontes renováveis (solar, eólica, biomassa e hidrelétrica), segundo pesquisa da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Além disso, Minas já recebe projetos de produção de hidrogênio verde, combustível 100% sustentável.

“Minas tem potencial para liderar a agenda sustentável no Brasil e no continente. Precisamos acelerar o processo de descarbonização com regras claras que incentivem o investimento em projetos sustentáveis. E nada melhor do que contar com a participação do setor produtivo para construir essas práticas em conjunto, de forma com que possamos chegar à neutralização de GEE de forma mais rápida”, considera o diretor-presidente da Invest Minas, João Paulo Braga. 

O site www.rotadadescarbonizacao.mg.gov.br/ traz mais informações sobre a Rota da Descarbonização. 



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