Escolas da rede estadual são usadas para acolher famílias afetadas pelas chuvas em Minas

Unidades de ensino se tornaram importantes pontos de apoio para quem está sofrendo com os efeitos dos temporais

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Escola Estadual Lígia Maria de Magalhães foi aberta para acolher os atingidos pelo desmoronamento e deslizamento de terra no Morro dos Cabritos, no bairro Colorado, em Contagem
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As intensas chuvas que afetaram vários municípios de Minas Gerais nos últimos dias deixaram inúmeras pessoas desabrigadas, além de causar mortes em todo o estado. Segundo levantamento da Defesa Civil estadual, 55 pessoas morreram, 137 municípios decretaram situação de emergência e outros cinco de calamidades pública. Diante da situação, as escolas estaduais têm servido como importante ponto de apoio para acolhimento das pessoas que se viram sem condições de voltar para suas casas ou perderam tudo devido à força das águas.

Em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, desde quinta-feira (23/1), a Escola Estadual Lígia Maria de Magalhães foi aberta para acolher os atingidos pelo desmoronamento e deslizamento de terra no Morro dos Cabritos, no bairro Colorado. Os moradores foram pegos de surpresa e precisaram ser encaminhados para a unidade de ensino ainda durante a madrugada, quando a Defesa Civil da cidade determinou que o local fosse evacuado. “A escola foi aberta desde a primeira chamada em que fui solicitada”, conta a diretora Angélica Bárbara Gontijo.

Segundo Angélica, a unidade de ensino sempre teve papel importante para a vizinhança como espaço de referência em diversos momentos. “Boa parte dessas pessoas desabrigadas são alunos ou foram alunos. Então a escola, mais uma vez, está aberta nesse momento de dificuldade e eles sabem que não seriam abandonados”, diz. 

Ninguém perdeu a vida na região, mas os danos materiais foram relevantes. Para Daiane do Carmo Marinho, de 26 anos, o momento é difícil, mas ser acolhida ameniza um pouco as dificuldades. Ela foi aluna da unidade de ensino quando criança e sua filha também estuda no local. “Nunca imaginei que passaria por essa situação na escola em que estudei”, comenta.

Todas as salas estão sendo usadas para abrigar cerca de cem pessoas. Além disso, outros espaços foram adaptados para guardar as doações e os mantimentos usados para preparar as refeições. Para Rafaela da Costa, de 23 anos, a situação dos moradores é muito difícil. Contudo, ela espera poder voltar em breve para casa ou um local seguro. “A situação está complicada, tem muita gente, mas a escola nos acolheu bem”, afirma. 

Interior

A intensidade das chuvas também provocou estragos em cidades do interior do estado. Em Espera Feliz, na Zona da Mata, os temporais deixaram boa parte da população desabrigada. A localização da Escola Estadual Interventor Júlio de Carvalho, na parte mais alta do município, permitiu que a unidade de ensino não fosse afetada e ainda recebesse cerca de uma centena de pessoas que precisaram deixar suas residências. De acordo com a diretora da escola, Heuda Costa, toda a infraestrutura está sendo usada pela Defesa Civil para atender os desabrigados.

“O papel da escola é esse de acolher, não só na parte pedagógica. A escola está para servir a comunidade. Se neste momento a comunidade está precisando deste tipo de ajuda, é assim que vamos ajudar”, afirmou a diretora, que tem acompanhado a situação e ajudado nos acolhimentos, juntamente com a equipe da unidade escolar.

Divulgação / Escola Estadual Professor Francisco Lentz 

Em Caparaó, na Zona da Mata, a situação também é difícil. No município, afetado por deslizamentos e inundação, a Escola Estadual Professor Francisco Lentz tem sido usada como abrigo para cerca de 200 pessoas que perderam suas casas ou tiveram que abandoná-las até que não estejam mais em risco.

A diretora Beatriz Rodrigues Valério conta que as famílias encaminhadas para o espaço têm contado, também, com a ajuda de voluntários. A própria equipe da unidade de ensino está somando esforços aos de pessoas da comunidade dispostas a contribuir. “As outras escolas acabaram sofrendo com as chuvas e ficaram sem acesso. Estamos nos desdobrando para tentar fazer o melhor para ajudá-los”, diz.

Mesmo com as escolas sendo usadas como importante ponto de apoio, a Secretaria de Estado de Educação (SEE/MG) mantém a previsão de começo do ano letivo para o dia 10/2.



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