Consórcio entre municípios beneficia agroindústrias familiares do Alto Paranaíba

Empreendimentos conseguiram habilitação sanitária e oportunidade de venda para todo o país

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Wellington Vieira / Arquivo pessoal

Um trabalho envolvendo a união de 12 municípios do Alto Paranaíba está beneficiando dezenas de agroindústrias familiares da região. Tudo começou em 2019, quando um grupo formado pela Emater-MG, Sebrae e representantes do Serviço de Inspeção Municipal de Patos de Minas e de Presidente Olegário se reuniu com a intenção de elaborar um consórcio que agilizasse a habilitação sanitária dos empreendimentos e ampliasse o mercado consumidor para os produtores.

Foram várias reuniões, visitas técnicas e encontros com prefeitos até a formação do Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Sustentável do Alto Paranaíba (Cispar). Para que o consórcio funcionasse, foi necessário que cada município participante aprovasse a mesma legislação e seguisse um protocolo único de fiscalização de produtos de origem animal. Todas as agroindústrias habilitadas podem comercializar regularmente na área de abrangência do consórcio. São empreendimentos que vendem queijos, mel, ovos e outros itens.

Atualmente são 33 agroindústrias registradas no Serviço de Inspeção Municipal e aproximadamente 40 em processo de registro. Para a coordenadora de Bem-Estar Social da Emater-MG na região, Leni Alves de Souza, o trabalho dos técnicos da empresa foi indispensável neste processo.

“Durante a atuação do grupo gestor para a organização do consórcio, a participação da Emater teve papel fundamental. E após sua formalização, a parceria se consolidou por meio da assistência técnica e acompanhamento dos produtores beneficiados”, explica a coordenadora.

A produtora Meire Moreira de Araújo Martins, de Patos de Minas, comemora a formação do Cispar. Junto com o marido, ela cuida de um rebanho leiteiro numa área de 16 hectares e produz 1,2 mil quilos de queijo por mês, contando o queijo Minas Artesanal e o queijo temperado. Após aderir ao Cispar e regularizar a produção, ela percebeu a valorização dos produtos.

“Se não fosse a assistência e o trabalho da Emater, a gente não chegaria aonde está. A comercialização na Feira do Produtor Rural expandiu muito. O queijo é muito procurado, não só por pessoas de Patos de Minas, mas também de fora”, afirma Meire Martins.


Para a técnica de Bem-Estar Social da Emater de Patos de Minas, Marli Cambraia, a formação do consórcio permitiu que, assim como Meire Martins, muitos outros produtores saíssem da irregularidade. “O consórcio veio dar oportunidade a esse agricultor de estar no comércio com dignidade, com todo respeito e com a valorização que ele merece”, explica.

Arquivo Pessoal / Queijaria Vô Joaquim

No município de Cruzeiro da Fortaleza, outro produtor de queijo está percebendo a diferença após ter a agroindústria legalizada pelo Cispar. Wellington Vieira trabalha com a pecuária leiteira desde 1996. Porém, a produção de queijo na propriedade é mais recente, teve início em 2012. De olho na qualidade do produto, ele investiu na regularização sanitária da agroindústria e aderiu ao Cispar para obter o registro. A medida valorizou a sua produção diária de 150 queijos.

“A visão dos compradores é outra. Quando você chega com o produtor legalizado no comércio, você tem várias oportunidades que com o queijo irregular você nunca teria. É muito importante, acho que todo produtor deve se legalizar”, diz Wellington Vieira.

“O produtor tem um ganho de valor no produto dele e vende a um valor mais alto. Ele começa a vender em locais onde antes não se aceitava o produto dele. Mas o grande ganho é para o consumidor, que vai ter um produto inócuo e de boa qualidade”, afirma o coordenador do Cispar, Pedro Rogério Pinheiro.

Conquista nacional

Em novembro de 2021, os produtores do Alto Paranaíba que possuem as agroindústrias legalizadas pelos serviços de inspeção municipais do Cispar tiveram uma boa notícia. Eles podem obter a equivalência ao Sisbi, o Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal, do Ministério da Agricultura.

Quando um serviço de inspeção, seja municipal ou estadual, realiza a adesão ao Sisbi, os produtos fiscalizados por essas esferas passam a ter o direito a serem comercializados em âmbito nacional. Cinco agroindústrias já estão registradas no Sisbi.

“Para os agricultores da região, é uma conquista imensa. A partir de agora, o produtor que aderir ao Sisbi pode comercializar, não só na região do consórcio, mas em todo o Brasil”, comemora Leni Alves.

O secretário executivo do consórcio e também da Associação dos Municípios da Microrregião Alto Paranaíba (Amapar), Agno Rosa, também ressalta o avanço obtido pelas agroindústrias, levando desenvolvimento econômico para a região.

“Nós vamos poder fiscalizar, orientar na elaboração das queijarias, e outras agroindústrias de produtos de origem animal, com os técnicos da Emater. Estaremos fomentando o pequeno empresário no agronegócio”, afirma Agno Rosa.

MelhorInovação

O trabalho desenvolvido pela Emater-MG, em parceria com produtores e outras instituições do Alto Paranaíba, para a formação do Cispar, foi o vencedor estadual do prêmio MelhorInovação, promovido pela empresa em 2021. O concurso tem o objetivo de destacar as melhores iniciativas desenvolvidas pelos funcionários que valorizem profissionais e clientes da empresa.

 

*Este conteúdo foi produzido durante o período de restrição eleitoral e publicado somente após a oficialização do término das eleições.



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