Cine Humberto Mauro exibe “Comédias Anárquicas”

Mostra reúne 32 longas com humor nonsense e narrativas pouco convencionais para subverter o olhar do público mineiro

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"Gata Preta, Gato Branco" está entre os filmes em cartaz na mostra
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A Fundação Clóvis Salgado, por meio do Cine Humberto Mauro, exibe a mostra “Comédias Anárquicas”, reunindo 32 longas-metragens que exploram o subgênero da comédia cujo representante mais famoso é o grupo britânico Monty Pyton. Na programação, grandes diretores como Carlos Manga, Martin Scorsese, Stanley Kubrick, Spike Lee, Jean-Luc Godard, Luis Buñuel e Woody Allen subvertem a própria linguagem cinematográfica com um humor satírico, espirituoso e cômico.

De acordo com o gerente do Cine Humberto Mauro, Bruno Hilário, as comédias anárquicas se caracterizam por usar o nonsense e o fluxo de consciência do humor, geralmente em pequenas narrativas autônomas entre si. “Pode-se dizer que esse subgênero é uma herança das slapstick comedies, ou comédias malucas, dos anos 1930 e 1940, misturando, também, paradigmas de outras vertentes do gênero como a comédia pastelão e de sketches”, associa o gerente.

Bruno Hilário acrescenta que, para algumas produções, o fazer rir era considerado mais importante do que o próprio roteiro do filme. “Em muitos dos filmes a piada resultante da performance do artista pode ser mais importante do que a narrativa em si. Na mostra, reunimos filmes que podem ser anárquicos não só no conteúdo da comédia, mas também no uso da linguagem e estética cinematográficas”, ilustra.

O gênero da comédia costuma, por si só, subverter as relações sociais, bem como a construção clássica dos personagens. Nos longas que compõem a mostra, acontecimentos como um apocalipse zumbi, investigações policiais, a Guerra Fria e a história do Rei Arthur são satirizados com situações absurdas, utilizando até elementos surreais. “De maneira geral, os filmes têm temáticas variadas e possuem sequências de gags que não necessariamente possibilitam maior entendimento da trama. A ausência de um fio condutor claro é uma das características desse subgênero”, explica Hilário.

Entre os destaques da mostra está “Monty Pyton em Busca do Cálice Sagrado” (1975), uma sátira dos eventos históricos da Idade Média, em que o Rei Arthur está à procura de cavaleiros que possam acompanhá-lo na busca do Santo Graal. Em “Apertem os Cintos... O Piloto Sumiu! ” (1980), um ex-combatente de guerra é forçado a assumir os controles de um avião quando a tripulação sucumbe à comida contaminada e junto com a namorada assumem o voo como co-piloto e aeromoça na tentativa de salvar os passageiros e terminar o voo com sucesso, mas existe um problema: ele é neurótico, o que trará situações inusitadas.

Destacam-se, também, as chanchadas brasileiras “Nem Sansão Nem Dalila” (1953), e “Matar ou Correr” (1954). No primeiro longa, o barbeiro Horácio sofre um acidente e vai parar no Reino de Gaza, no século IV antes de Cristo. Lá conhece Sansão, dono de uma força descomunal que vem de uma milagrosa peruca que Horácio troca por um isqueiro, transformando-se num homem forte e poderoso que passa a reinar em Gaza. O segundo filme é uma paródia do clássico do faroeste “Matar ou Morrer” (1952), em que depois de Kid Bolha e Ciscocada acidentalmente derrotarem um temido bandido, um deles é nomeado xerife, mas o criminoso foge da prisão prometendo vingança contra Kid Bolha.

Em “Uma Noite na Ópera” (1933), um agente de negócios e dois amigos tentam ajudar dois cantores de ópera a alcançar o sucesso, mas não são bem aceitos. Os três  vão tentar eliminar o concorrente através de muitas palhaçadas e brincadeiras.

Encerrando a programação, em um dos filmes menos conhecidos do diretor Stanley Kubrick, “Dr. Fantástico” (1964) é um general americano que acredita que os soviéticos estão sabotando os reservatórios de água dos Estados Unidos e resolve fazer um ataque anticomunista, bombardeando a União Soviética. Com as comunicações interrompidas, ele é o único que possui os códigos para parar as bombas e evitar o que provavelmente seria o início da Terceira Guerra Mundial.

Programação

Com o objetivo de difundir e incentivar a produção cinematográfica feita por mulheres na América Latina, as exibições das comédias ficam suspensas, entre os dias 14 e 16/3, para a “1ª Mostra de Cinema Argentino de Mujeres”.

A iniciativa é uma parceria do Cine Humberto Mauro com as argentinas Luisina López Ferrari e Marina Lomazzi, e o argentino Marcelo Alejandro Gómez, residentes em Belo Horizonte e participantes do Centro Cultural Argentino Minas Gerais, criado em abril de 2018, que, com a colaboração do Consulado Argentino em Minas Gerais e a Câmara de Comércio e Indústria Argentina – Minas Gerais, trazem a Belo Horizonte anualmente filmes e diretoras argentinas premiadas internacionalmente.

A programação inclui palestras, debates e roda de conversas. Todas as sessões da mostra são gratuitas, com retirada do ingresso na porta uma hora antes de cada sessão.

História Permanente do Cinema

O Cine Humberto Mauro reinicia o ciclo de sessões comentadas do programa “História Permanente do Cinema”, com exibições às quintas-feiras, sempre às 17h. Durante a mostra “Comédias Anárquicas”, será exibido o filme “Monsieur Verdoux”, dirigido e protagonizado por Charles Chaplin.

Na trama, um bancário francês que ficou desempregado após 30 anos de trabalho desenvolve uma personalidade maníaca e começa a cometer assassinatos em série. Suas vítimas são sempre mulheres de meia-idade, sozinhas e com algum tipo de propriedade ou renda. A sessão será comentada pelo professor do Centro Universitário UNA e pesquisador de cinema, José Ricardo da Costa Miranda Jr.

Comédias Anárquicas

Local: Cine Humberto Mauro – Palácio das Artes  – Av. Afonso Pena, 1.537, Centro

Período: 25/2 a 27/3 (suspensão da programação entre 14 e 16/3)

Entrada: Gratuita – Ingressos distribuídos uma hora antes de cada sessão

Informações para o público: (31) 3236-7400



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