Campanha de vacinação contra poliomielite vai até semana que vem

Imunização ganha importância diante dos riscos de reintrodução do poliovírus no Brasil e no cenário internacional

  • ícone de compartilhamento

Tomaz Silva / Agência Brasil

Termina na semana que vem a Campanha Nacional de Multivacinação e contra a Poliomielite em Minas Gerais. Os pais ou responsáveis têm até 30/9 para levar as crianças e adolescentes menores de 15 anos até a unidade de saúde mais próxima para atualizar a caderneta de vacinação, para que o profissional de saúde possa avaliar a situação vacinal e a necessidade da administração de imunizantes. 

A campanha foi prorrogada no país diante dos baixos números de vacinados e a proteção se torna ainda mais essencial diante de recentes alertas de possibilidade de retorno da doença. Segundo metodologia de análise proposta pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) em conformidade com a realidade do Brasil, apoiada na análise de risco regional, o país está entre aqueles que apresentam maior risco para reintrodução do poliovírus selvagem (PVS) e surgimento do poliovírus derivado vacinal (PVDV) na região das Américas. O último caso registrado no país foi em 1989.

“Não temos nenhum caso em Minas, mas se o vírus chegar em nosso estado e encontrar crianças desprotegidas, elas vão desenvolver a doença. Não conseguimos evitar que o vírus apareça, mas sim que as pessoas adoeçam com a vacinação”, analisa o secretário de Estado de Saúde (SES-MG), Fábio Baccheretti.

A meta estabelecida pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) é atingir 95% do público-alvo. Desde 2016, esses índices têm caído no Brasil e, exceto em 2018, a cobertura de 95% não tem sido atingida. A situação foi ainda mais agravada com a pandemia de covid-19. 

Na Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite, em Minas há 1.045.371 crianças de 1 a 4 anos de idade. Até esta quarta-feira (21/9), foram aplicadas 652.275, com uma cobertura vacinalde 62,40%. 

“Não faz sentido não dar essas doses, ainda mais depois de vermos que a vacina mudou a vida de todo mundo e salvou tantas nessa pandemia”, salienta Baccheretti.

Metas para segurança

Apesar de baixa, trata-se de um dos estados com maior cobertura vacinal na Campanha Nacional contra a pólio no Brasil, que tem média de aproximadamente 44%, com índices que vão desde 66,29% em Alagoas a 17,42% em Roraima.

Em função disso, a coordenadora do Programa de Imunizações da SES-MG, Josianne Dias Gusmão, reforça que “as coberturas vacinais devem ser altas e homogêneas e, segundo a OMS, até que a doença seja erradicada no mundo, existe o risco de um país ou continente ter casos importados e o vírus voltar a circular em seu território”.

Ela avalia, também,  que “diante desse cenário preocupante, e aliado às baixas coberturas vacinais contra a poliomielite, e ainda ao surgimento de casos recentes de poliovírus selvagem em Malawi e Moçambique, países não endêmicos para doença e de derivado vacinal em países como Israel, Moçambique e mais recentemente nos Estados Unidos (EUA), faz-se necessário que as coberturas vacinais estejam dentro da meta preconizada pelo Ministério da Saúde”.

De acordo com o secretário Fábio Baccheretti, “diferentemente dos EUA, somos um exemplo para o mundo em termos de vacinação, não podemos deixar esse exemplo cair por água abaixo”. Ele reforça, ainda, os riscos da omissão na proteção contra a doença.
 
“Esse vírus ataca o sistema nervoso central, a criança passa a ter paralisia que compromete seu desenvolvimento, podendo ter que depender dos pais a vida inteira, não levando aquela vida que todo pai quer para o seu filho. Temos a vacina pronta, que protege e o risco passa a ser zero para o desenvolvimento de qualquer doença neurológica para esse vírus”, pontua.  

A pólio foi eliminada das Américas em 1994, graças à vacinação, sendo a primeira região do mundo a alcançar esse resultado, de acordo com a OPAS/OMS. No entanto, a constante queda da vacinação tem aumentado a possibilidade de reintrodução da doença, que afeta principalmente crianças com menos de cinco anos de idade e leva a uma paralisia irreversível (geralmente das pernas) em uma em cada 200 infecções.

Esquema vacinal

A vacina é gratuita e está disponível nos postos de saúde de todo o país. O esquema vacinal contra a poliomielite é composto por três doses injetáveis no primeiro ano da criança, aplicadas aos 2, 4 e 6 meses de vida, com intervalo de 60 dias entre as doses.

Depois, aos 15 meses de idade, deve ser administrada a primeira dose de reforço. O segundo reforço deverá acontecer aos 4 anos de idade. Para essas duas doses, é realizada a administração de duas gotas, exclusivamente pela via oral,

Na última quarta-feira (14/9), a SES-MG promoveu o Seminário da Vigilância Epidemiológica das Paralisias Flácidas Agudas e da Poliomielite, na Cidade Administrativa, para profissionais das Unidades Regionais de Saúde do estado, como forma de para acompanhar o cenário de vacinação e orientar sobre a vigilância quanto à doença.

Multivacinação

Para a campanha de multivacinação, além da VIP (Vacina Inativada Poliomielite) e da VOP (Vacina Oral Poliomielite), também são disponibilizados os imunizantes Hepatite A e B, Penta (DTP/Hib/Hep B), Pneumocócica 10 valente, VRH (Vacina Rotavírus Humano), Meningocócica C (conjugada), Febre amarela, Tríplice viral (Sarampo, Rubéola, Caxumba), DTP (tríplice bacteriana), Varicela e HPV quadrivalente (Papilomavírus Humano).

Estarão disponíveis para os adolescentes, as vacinas HPV, dT (dupla adulto), Febre amarela, Tríplice viral, Hepatite B, dTpa e Meningocócica ACWY (conjugada). Todos os imunizantes que integram o PNI são seguros e aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
 

*Este conteúdo foi produzido durante o período de restrição eleitoral e publicado somente após a oficialização do término das eleições.



Últimas