CâmeraSete traz narrativa fotográfica sobre o hipercentro de BH

Imagens históricas capturam a modernização da capital pelo olhar do fotógrafo Wilson Baptista

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Trabalho do fotógrafo captura momentos-chave da história de Belo Horizonte
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A CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais recebe a exposição “Wilson Baptista - Urbano Fotográfico”, um recorte com 44 fotografias, em preto e branco, do renomado fotógrafo mineiro Wilson Baptista, com acervo estimado em cerca de 30 mil negativos.

O olhar do fotógrafo registra as transformações urbanas, arquitetônicas e sociais que ocorreram no centro da capital mineira – entre as décadas de 1930 e 1960 – visitando micro histórias nas práticas e acontecimentos públicos.

A mostra tem curadoria do fotógrafo, professor e filho de Wilson, Paulo Baptista, e traça em seu espectro de imagens não só uma linha do tempo sobre a singularidade cotidiana de Belo Horizonte, como também um encontro com formas e composições autônomas, derivadas de objetos familiares que se transformam em belíssimas torres e geometrias dos altos edifícios da capital mineira.

Com a mostra na CâmeraSete, as imagens vão habitar o mesmo espaço fotografado por Wilson há 80 anos: o Centro de Belo Horizonte. Na exposição, há fotos do traçado urbano do hipercentro, com imagens aéreas revelando a Praça Sete circundada por bondes e ajardinada por árvores seculares que já foram cortadas. Conceitualmente, a mostra também rediscute a pergunta do próprio artista: “Que cidade queremos? ’, questiona Wilson.

Narrativa histórica

De acordo com o artista plástico e um dos autores do livro “Wilson Baptista - Urbano Fotográfico”, Marconi Drummond, juntamente com os professores da UFMG Renata Marquez e Paulo Baptista, o olhar de Wilson revela momentos de crescimento e expansão que definem o que a cidade é hoje.

O trabalho do fotógrafo captura momentos-chave da história de Belo Horizonte: a abertura da Avenida Amazonas; flagrantes do Parque Municipal; a construção do Edifício Acaiaca; o acidente com o bonde do viaduto Santa Tereza; procissões e manifestações populares. Essa narrativa histórica e fotográfica é uma viagem ao tempo na modernização da capital englobando o processo de verticalização e o aumento populacional.

Artístico e documental

Apesar de ter começado a fotografar aos 12 anos, Wilson Baptista considerava-se amador e continuou fotografando até os 100 anos de idade. Entusiasta e grande incentivador da fotografia como arte, fez com que a produção belo-horizontina se conectasse com outros centros brasileiros de fotografia por meio do Foto Clube de Minas Gerais, organizado nos anos 1950, como fundador e o primeiro presidente.

Era quase cego de um olho e interessado na arquitetura de Niemeyer, na art déco, em literatura, em desenho, tiro e esgrima. Contudo, uma única atitude personalíssima o diferenciava: ele nunca se separava de sua câmera.

“Como se anda com o celular eu andava com a máquina”, contou o fotógrafo durante os encontros com os autores do livro “Urbano Fotográfico”. Assim, estava sempre na hora certa e no lugar certo, sempre atento ao aspecto plástico do acontecimento.

Interessado no que a fotografia podia simplesmente sugerir ao acaso, para além da tarefa de documentar a realidade, Wilson tinha um olhar factual, mas que se transformava numa espécie de síntese fotográfica direcionando a imagem para uma composição geométrica e abstrata do cotidiano.

Trajetória

O artista Wilson Baptista (1913-2014), nascido em Belo Horizonte, produziu uma das mais ricas obras da fotografia moderna brasileira, composta por imagens que perpassam o registro das cenas urbanas desvelando inúmeras composições geométricas com alegorias abstratas de objetos do cotidiano. 

A série fotográfica-documental sobre a abertura da Avenida Amazonas veio a público 70 anos depois como parte da mostra “Escavar o Futuro”, em 2013, no Palácio das Artes. O fotógrafo também participou da exposição “Segue-se ver o que quisesse – um registro da vida cotidiana de Minas Gerais”, em 2012, e das mais recentes “Habitáculo”, no Cine Theatro Brasil Vallourec e “Horizonte Moderno”, no Minas Tênis Clube, ambas em 2015, e “Cartografia Imaginária”, no Sesc Palladium, em 2018, além de ter ocupado outras galerias mineiras nos anos 2000.

Serviço:

Wilson Baptista - Urbano Fotográfico
Exposição:
 de 27 de fevereiro a 25 de maio 
Local: CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais
Endereço: Av. Afonso Pena, 737 – Belo Horizonte (MG)
Horário: das 9h30 às 21h, entre terça-feira e sábado
Entrada gratuita
Informações para o público: (31) 3236-7400



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